O advogado bracarense João Magalhães, que foi o primeiro causídico de Braga a alertar a comunidade jurídica minhota para a existência de uma alegada máfia de Braga que se dedica a cobranças difíceis, portanto, à revelia do sistema judicial, acusa que terão sido criadas todas as condições para “abafar” quem tentou incendiar à bomba o seu escritório duas vezes, incluindo o assassínio de um suspeito russo, na Cadeia de Viana do Castelo. O outro suspeito tem julgamento marcado para esta quarta-feira.
João Magalhães, recorde-se, sofreu já duas tentativas de atentado, ambas com engenhos explosivos, no seu escritório de advocacia, em Santa Tecla, na cidade de Braga, o que se terá ficado a dever, conforme está “plenamente convencido”, às denúncias contra aquela mesma máfia em Braga, que fez logo ao Ministério Público, já em meados desta década.
Agentes da 2ª Esquadra da PSP de Braga apanharam em flagrante os dois suspeitos, o cidadão russo Stanislau Alexandrovich Ermakov e um português, Vítor Manuel Gomes Castro, do Porto, com última residência conhecida em Vila do Conde, mas agora já com paradeiro incerto, admitindo-se que ande a monte que possa encontrar-se já fora do país. Seu julgamento é esta quarta-feira.
“São a máfia de Braga”
Os fatos passaram-se em 2013 e quatro anos decorridos permanece o mistério, o que de acordo com a opinião na tentativa de atentado, João Magalhães, “ficou a dever-se a uma grande inércia, vai lá saber-se porquê, por parte de quem ao arrepio da lei processual, na sequência do excelente trabalho da PSP de Braga, não encaminhou o caso para a Polícia Judiciária, fosse a de Braga ou do Porto, que são ambas igualmente muito competentes, além de terem inclusivamente em Lisboa a sua Unidade Nacional de Contra-Terrorismo, o que se tivesse acontecido, teria permitido saber quem esteve encomendou os ataques”.
João Magalhães afirmou a O MINHO “estar inteiramente convencido que o Stanislau ao ter sido assassinado dentro da Cadeia de Viana do Castelo foi para terem a certeza que o homem nunca revelaria quem lhe encomendou rebentar com o meu escritório à bomba”.
“As poderosas de Braga, que eu denunciei e vou continuar a denunciar, estarão mesmo a montante deste caso, porque mexi com interesses muito complicados e gente perigosa, o que terá sido um aviso à navegação para mais ninguém contar o que sabe daquela máfia, pois há muito boa gente em Braga e não só que foi vítima de cobranças difíceis, quem já ficou com os braços e as pernas partidas para pagar aquilo que devia e o que não devia”, salientou a O MINHO o advogado, João Magalhães, acrescentando que “algumas dessas vítimas são figuras públicas da nossa praça e até gente muito conhecida aqui em Braga”.