Plataforma do setor leiteiro galego inicia contactos no parlamento da Galiza

Foto: DR

A Plataforma Defesa do Setor Leiteiro na Galiza vai iniciar, esta quinta-feira, uma ronda de contactos com os partidos políticos com assento no parlamento galego para apelar a tomada “urgente” de medidas de apoio.

Em comunicado, aquela estrutura, que integra várias associações de produtores de leite da Galiza, adiantou que a primeira reunião vai decorrer às 13h00 (hora espanhola), com o grupo parlamentar do Partido Popular (PP).

A organização justificou a iniciativa com a “crise sem precedentes” que afeta os produtores de leite da região e que se poderá agravar nos próximos meses face às ameaças de falta de escoamento da produção e da prática de preços baixos”.

“A Plataforma de Defesa do setor Leiteiro considera inadiável a implementação de um programa urgente de apoio ao setor”, lê-se naquela nota.

A estrutura adiantou que o objetivo da ronda de contactos que vai ser agora iniciada “é reunir o consenso de todos os partidos com representação parlamentar em torno de um pacote de medidas urgentes que garantam a sustentabilidade do setor”.

Entre aquelas medidas, a organização defendeu a necessidade de garantir o escoamento do leite produzido na região, a prática de preços acima dos custos de produção, o controlo dos excedentes de produção, o pagamento atempado aos produtores, a eliminação de contratos abusivos, e controlo do destino do leite comprado a preços baixos”.

Para aquela plataforma estas medidas, a serem implementadas, “irão garantir às explorações de produção galegas as condições necessárias para continuar a atividade e manter os milhares de postos de trabalho, diretos e indiretos, que dependem do setor”.

“Não tomar medidas ou demorar na sua aplicação poderá ter graves consequências levando à ruína milhares de famílias”, defendeu.

Na noite de segunda-feira, um camião português que transportava leite foi barrado e despejado em Lugo, na Galiza, por produtores locais.

A Organização de Produtores de Leite (OPL) de Espanha admitiu esta quarta-feira a possibilidade de ocorrerem novos bloqueios à entrada de leite português no país mas demarcou-se do incidente com camião cisterna, na Galiza.

“Admito que possam ocorrer novos casos porque os governos de Portugal e Espanha não fazem nada para regular o setor leiteiro. Os produtores sentem-se impotentes, têm que se defender de alguma maneira e tomam a justiça nas suas próprias mãos”, afirmou o porta-voz nacional da OPL, José Maria Alvarez.

José Maria Alvarez disse “não compactuar” com “este tipo de protesto seja contra que país for” mas afirmou “compreender” as razões que poderão ter estado na origem do incidente.

Apontou as “dificuldades de escoamento do leite” sentidas pelos produtores espanhóis” causadas “pelas empresas do setor que operam em Espanha”.

“Dizem aos produtores espanhóis que há excedente de produção para justificar os baixos preços que praticam, cerca de 16 cêntimos por litro. É mentira porque essas empresas estão a importar leite de outros países, como Portugal e França”, sustentou, frisando que a OPL “não está contra a importação porque Espanha só produz 70% do leite que necessita”.

“Os produtores estão a ir à ruína e tem de fechar portas”, disse, afirmando que, em Espanha, “por dia, encerram cinco explorações de produção de leite”.

 

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