PJ detém 13 suspeitos de burlar empresas através da Internet

No Porto
Foto: Ilustrativa / PJ

Uma investigação da Diretoria do Centro da PJ levou à detenção, na terça-feira, de 13 pessoas na Área Metropolitana do Porto, suspeitas de pertencer a um grupo organizado que terá burlado várias empresas portuguesas através da Internet.

O grupo organizado transnacional terá praticado “crimes informáticos e económico-financeiros transnacionais”, que terão permitido ganhos superiores a um milhão de euros, afirmou hoje a Diretoria do Centro da Polícia Judiciária (PJ), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A operação policial desencadeada na quinta-feira resultou na execução de 23 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de detenção, tendo os detidos idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos, referiu.

Segundo o coordenador de investigação criminal da PJ do Centro, Fernando Ramos, o grupo organizado tinha como ‘modus operandi’ o método de ‘phishing’ (enganar pessoas para obter informações confidenciais, como palavras-passe ou detalhes de cartões bancários).

Com uma estrutura hierárquica liderada por duas a três pessoas, o grupo atuava em três fases distintas, aclarou o responsável, que falava numa conferência de imprensa que decorreu hoje ao final da manhã, em Coimbra.

Numa primeira fase, elaboravam páginas falsas de bancos, enviavam mensagens telefónicas com ‘links’ para os ‘sites’ fraudulentos e procuravam obter dados de contas e cartões bancários, referiu.

Numa segunda fase, havia um contacto direto com as vítimas, em que membros do grupo se faziam passar por funcionários bancários e davam a entender que os lesados estavam a ser alvo de uma fraude, convencendo-os a ceder códigos de acesso a contas ou a validar transferências.

Na última fase, o grupo movimentava os fundos obtidos pela fraude por várias contas bancárias abertas por membros do grupo, no país e no estrangeiro, ou através de contas-mula (angariadas junto de terceiros), estando também registados ‘criptoativos’.

“O dinheiro circulava através de contas nacionais, especificamente criadas para rececionar estes fundos, que eram imediatamente dissipados para outras contas bancárias nacionais e estrangeiras ou utilizados para aquisição de artigos de elevado valor ou de luxo”, aclarou a PJ.

De acordo com Fernando Ramos, a atuação do grupo, que funcionava como uma empresa, terá feito pelo menos “várias dezenas” de vítimas, sobretudo empresas, já que estas teriam contas “com mais fundos”.

Todos os casos ocorreram um pouco por todo o país e a grande maioria durante este ano, mas há a possibilidade de haver vítimas no estrangeiro, afirmou o coordenador.

Na operação, foram apreendidos terminais de pagamento automáticos (para facilitar a movimentação de fundos) e cerca de 60 cartões bancários, acrescentou.

Alguns detidos têm antecedentes criminais e estavam referenciados por um outro caso também relacionado com burla na Internet, avançou Fernando Ramos.

O coordenador de investigação criminal sublinhou que, no caso de um ataque consumado, as pessoas devem ser céleres na participação criminal, por forma a ser possível à PJ “estancar os movimentos de capitais”, através de cooperação internacional.

Fernando Ramos referiu que poderá ainda haver a possibilidade de mais detidos, no âmbito desta operação.

O grupo é suspeito da prática de crimes de burla qualificada, burla informática e nas comunicações, abuso de cartão ou dados de pagamento, falsidade informática, acesso ilegítimo e branqueamento de capitais.

A investigação levada a cabo pela Diretoria do Centro e com inquérito dirigido pelo Ministério Público de Castelo Branco começou este ano.

A operação contou ainda com o apoio da Diretoria do Norte da PJ, do Departamento de Investigação Criminal de Braga e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática.

Os detidos estão a ser presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Castelo Branco, local onde surgiu a primeira denúncia.

 
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