A Polícia Judiciária apreendeu “lanchas voadoras” no Alto Minho durante uma operação conjunta com as autoridades espanholas, no distrito de Viana do Castelo. Na parte da Galiza, a operação foi liderada pela Polícia Nacional e a Guardia Civil, tendo sido detido em Espanha, Pablo Vázquez, o cabecilha do grupo que fabricava clandestinamente essas embarcações.
Um dos principais detidos, na vizinha Galiza, ao longo das últimas horas, é um primo do mais conhecido narcotraficante galego de sempre, o tristemente célebre “Sito Miñanco”, sendo o suspeito, Ramón Bugallo Martínez (“Mon”), capturado em Cambados, na Galiza.
Aguarda-se agora que as autoridades policiais de ambos os países divulguem, durante já as próximas horas, pelo menos os principais pormenores desta operação luso-espanhola.
Segundo as primeiras informações recolhidas por O MINHO, a Polícia Judiciária, através da Secção Regional de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (SRITE) da Diretoria do Norte e do Departamento de Investigação Criminal de Braga apreenderam “lanchas voadoras” na zona do Alto Minho, desencadeando ao longo desta quarta-feira buscas em armazéns de empresas portuguesas, mas uma das quais tem dois cidadãos galegos como sócios-gerentes, tendo a operação, na Galiza, sido acompanhada pelo jornal La Voz de Galicia.
Há mais de dezena e meia de detenções em Espanha, dez das quais na região galega, por fabrico e venda de embarcações rápidas para transporte marítimo de droga, utilizando as “lanchas voadoras”, que no país vizinho são conhecidas como “planeadoras”, tendo estas buscas sido realizadas através de investigações conjuntas da Equipa de Delinquência Organizada e Antidrogas (EDOA) do Comando de Pontevedra e da Equipa Contra Crime Organizado (ECO) na Galiza, ambos corpos especiais da Guardia Civil, a par do Serviço de Vigilância Aduaneira e Grupo de Respuesta Especial ao Crime Organizado (GRECO) na Galiza da Polícia Nacional, sempre em colaboração com Polícia Judiciária Portuguesa.
A facilidade com que os narcotraficantes galegos operavam em Portugal estava a chamar a atenção das autoridades de investigação criminal de ambos os países galegos e foi esta semana tema de capa do semanário Expresso, citando o jornalista Javier Romero, de La Voz de Galicia, autor do livro “Operación Marea Negra”, que por sua vez inspirou uma longa metragem que está desde há poucas semanas disponível no mercado já em Portugal, focando a apreensão, em Pontevedra, na Galiza, de um submarino usado para o tráfico de droga, o primeiro caso do género registado na Europa.
Nos últimos meses foram abandonadas “lanchas voadoras” na zona litoral, encostadas aos areais, no Alto Minho, por parte da Polícia Marítima, assistindo-se a um recrudescer das embarcações que atingem altas velocidades e despistam as autoridades policiais no mar e levou a investigações da PJ, dado o movimentos do barcos, ao longo da costa portuguesa.
Do lado português, o jornalista José Luís Manso Preto foi pioneiro na denúncia dos crimes de tráfico de droga utilizando “lanchas voadoras”, já nos finais da década de 1980, tendo publicado o livro “Minho Connection” sobre a impunidade em Viana do Castelo e outras localidades marítimas do Alto Minho, assim como nas Rias Baixas, já na Galiza.