Rui Madeira
Diretor da Companhia de Teatro de Braga
Um candidato que tenta manipular a realidade, que conhece ou devia conhecer, é um candidato que não prestigia a democracia, nem a ética republicana, nem a Cidade. É um candidato taliban, que se julga dono do califado por direito natural, iluminado por um qualquer mullah. Um candidato imposto nas bases, ao arrepio da democracia, sustentado na intriga, na conspiração, no cilindramento e posterior domesticação de putativos candidatos internos, é naturalmente um candidato que só pode diminuir o viver democrático. Talvez a culpa nem seja dele, mas da realidade que não lhe quadra e, já agora, da sagacidade política de António Costa, que num passe de mágica, acabou de vez com o incapaz dirigente nacional, devolvendo-o ao remetente, para uma Cidade que ele (António Costa) sabe que não ganhará. Até aqui tudo e claro!
O cerne da coisa
Passemos então ao cerne da coisa: o candidato Hugo Pires de quem não conheço duas ideias sobre Cultura, optou numa entrevista não falar de Cultura, mas da CTB e, por consequência, do seu diretor. Já cá faltava! Para falar sobre o trabalho da CTB? nem tanto?! Para dizer que a CTB é privilegiada, que esta Câmara anda com a CTB ao colo…(eheheh) Mentiroso! Ele sabe que não é verdade! O antigo líder (hoje domesticado, noblesse oblige) da vereação do PS na Autarquia, sabe-o, e, alguns dos que agora, numa atitude revisionista o apoiam, sabem. E sabem e isso é o mais importante, que eu NUNCA aceitaria. NUNCA aceitei favores políticos. E a minha vida profissional fala por mim. E tenho Memória! E prezo os Amigos, que para mim, nunca são de ocasião. A CTB está em Braga ao abrigo de um protocolo cujos termos são claros. Os compromissos são de parte a parte.
Sempre cumprimos
Sempre cumprimos. A autarquia no tempo de Mesquita Machado cumpriu. A CTB e eu próprio cumpri, pessoalmente, com sentido de cidadania em outras áreas, mas sempre pró bono (no Correio do Minho, na Fundação Bracara Augusta, como bem se sabe, mesmo no Teatro Circo, onde a memória é curta)). Sempre com uma ideia de serviço público e valorização de Braga e da sua imagem, no contexto nacional e internacional. O Município com Ricardo Rio, cumpre exatamente nos mesmos termos. Daí a Memória! O candidato sabe, as pessoas da sua fação, sabem. É público: o Município atribui à CTB um subsídio de cerca 20.000€/ano. O resto é paisagem e desonestidade intelectual, dum candidato que bolsa notícias falsas para sobreviver. Tanta falta de memória assusta! Parafraseando a figura de estilo usada por um ex ministro da Cultura, que muito prezo e que caiu por algo semelhante ”apetece esfregar-lhe os 20.000€ na cara”. São afinal menos do que os custos do restauro do Teatro Circo, depois de uma performance ridícula do seu guia espiritual. É menos do que qualquer indemnização justa por despejo no Centro Histórico.
À espera da reunião pedida
Mas entendo o tempo do vómito sobre a CTB e a minha pessoa. É que espero ainda, a marcação do dia para a reunião que, a seu pedido, me fez, para discussão e análise (presumo eu) da Cultura em Braga, à qual respondi de imediato, com a nossa inteira disponibilidade, mas com a condição, por ser pública a nossa atividade, da comunicação social estar presente. Até hoje. Considero, pois, que este bolsar terá sido a resposta. Porque o senhor não tem carácter. Como não teve, quando se quis livrar de mim na presidência da Fundação Bracara Augusta, para colocar (a outro preço, entenda-se) os seus. Nunca foi capaz de me dizer isso frente a frente. Foi o Eng. Mesquita Machado, que fez esse papel. Esse mesmo (e pelos visto também eu), que agora no seu entendimento e do seu guia, é preciso acabar, esquecer, ignorar, como lepra dum tempo em que o senhor cuspia para o prato. Como também nunca teve coragem para assumir os custos de utilização do Teatro Circo durante a Capital da Juventude. Eu estive lá e respondo por mim, tenho memória. Não fugi! Não emigrei. Estou aqui como os mesmos princípios e deveres. Tranquilo comigo e com a minha consciência. Disponível para discutir TUDO.
Candidatura não inspira confiança
É por tudo isto e mais algumas coisas que não me inspira confiança e considero a sua Candidatura, um mau serviço a Braga. Ao invés considero que Ricardo Rio inspira essa confiança, SIM!
Na convicção que isto não fica por aqui, espero então pelas suas propostas de política cultural para a Cidade e conte com a minha inteira disponibilidade para a discussão. E lembro-lhe alguns pequenos pormenores, que nesta coisa de Cultura, para lá da qualidade artística, devem também ser levadas em conta.
A CTB tem 42 anos, quase tantos como o senhor. E nos anos que leva de Braga, considera-se pioneira e responsável por muitas coisas boas para a Cidade.
A CTB nestes anos que leva de Braga, canalizou para a economia cultural (ou apenas economia) da cidade mais de 10 milhões de euros. Caso único em Braga e noutras cidades, digo.
A CTB é uma pequena /média empresa com cerca de 15 pessoas a tempo inteiro, e mais alguns colaboradores regulares, dos quais cerca de 11 com contratos e segurança social, assumindo a CTB os custos sociais inerentes. E vivemos com dificuldades, como todo o setor. Mas confesso: não é comum noutros Municípios do PS, onde companhias existem (Almada, Coimbra, Lisboa) candidatos com discurso tão ignorante.
Não lhe desejo boa sorte política. Fiquemos pelas saudações democráticas.