Manifestação contra o abate de plátanos em Viana

Ambiente

Estalou a polémica em Viana por causa do abate de árvores. Depois da cidade de Braga estar a ferro e fogo entre ambientalistas, polícia e executivo municipal, é a vez da outra capital de distrito do Minho estar a braços com o descontentamento popular pelo facto de, esta segunda-feira, começarem a ser abatidos 20 plátanos situados na avenida do Cabedelo, em Darque, Viana do Castelo.

Através das redes sociais, foi já convocada uma manifestação para as 08:00 horas desta segunda-feira, horário em que começam os trabalhos de remoção das ditas árvores, que se devem estender ainda durante toda a terça-feira, de forma a preparar a construção de uma rotunda para ligar ao porto de mar de Viana.

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A manifestação é organizada por Bárbara Cleto e Ana Macedo, da Plataforma Em Defesa das Árvores, apelando à ocupação do espaço naquela avenida de forma a evitar o abate.

Através de uma convocatória nas redes sociais, a plataforma diz que é necessário “manter” a “traça de cidade mas envolvida pela natureza de forma harmoniosa”, sendo essa uma particularidade de Viana.

“Tem também a particularidade de ter habitantes que a amam e que, em momentos de maior perigo a sabem defender”, diz o texto, recordando que “uma das mais bonitas avenidas da cidade é a avenida do Cabedelo”.

“Não há quem não sorria ao passar por ali. As árvores que a ladeiam dão-lhe uma graça e beleza únicas. São árvores centenárias e nunca poderemos usar a palavra evolução para justificar o abate de 20 (será?) destas árvores grandiosas para a construção de uma rotunda”, sublinham.

A plataforma acha “estranho” que a autarquia só tenha mencionado o abate no passado dia 11 para o iniciar no dia 14, numa altura em que “toda a gente está ocupada devido ao ínicio das aulas”.

“Juntemo-nos para solicitar novo estudo que afaste a rotunda daquela avenida. Deixem as árvores em paz”, remata a publicação.

Petição com mais de 400 assinaturas

Corre também, na internet, uma petição pública para evitar o abate dos plátanos. Criada por Deolinda Ribeiro, da plataforma Cidadãos Activos, o texto aponta a avenida do Cabedelo como fazendo parte “da identidade visual da própria localidade, da história e do imaginário dos vianenses”, e de todos aqueles que “visitam” a cidade.

“Para além da sua beleza singular, tem cumprido várias funções ao longo das suas dezenas de anos de existência”, refere o texto, indicando que “as 20 árvores” marcadas para abate “ocupam um papel ambiental crucial, atendendo à sua eficácia no equilíbrio do ecossistema”.

A plataforma recorda ainda o abate de dezenas de pinheiros para a construção de acessos a esta futura rotunda e da “destruição de algumas dunas na zona de Chafé”.

“Não estamos contra a evolução e a construção das melhorias do acesso ao Cabedelo – reconhecemos a sua extrema importância – no entanto entendemos que possa existir uma alternativa mais amiga do ambiente e menos impactante na vida de todos”.

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Em comunicado, a Câmara de Viana do Castelo desvaloriza o abate, explicando que irá ser preservada “uma fatia” de cada um dos exemplares abatidos, por se tratarem de “elementos com relevante valor científico e educativo”.

Diz a autarquia que esta será uma forma de estudar “com detalhe” as variações anuais do clima, existência de pragas e doenças, regime dos ventos, configuração do crescimento e incidentes com incêndios.

Conforme noticiou O MINHO, este abate surge na sequência da construção de novos acessos ao porto de mar de Viana do Castelo,  cujos trabalhos começam na próxima segunda-feira, dia 14 de setembro. Durante dois dias, as árvores serão abatidas, pelo que haverá congestionamento naquela via.

A empreitada da nova rotunda irá permitir o acesso à nova via com 8,8 quilómetros de extensão a ligar a A28 ao porto de Viana do Castelo, em São Romão de Neiva, com duas faixas de rodagem de 3,5 metros de largura.

A obra inclui ainda a requalificação de um troço e bermas da Estrada Nacional 13 e a construção de dois novos troços a ligar esta estrada nacional à A28, com acesso direto ao porto comercial.

 
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