A petição criada por uma cabeleireira de Braga, com uma série de reivindicações para o setor, deu entrada na Assembleia da República após atingir as 2.500 assinaturas. Mas esta quarta-feira já conta com mais de 4.000 subscrições e Vânia de Oliveira espera chegar às 7.500 para ser ouvida em plenário.
Como O MINHO noticiou, Vânia de Oliveira reclama a possibilidade de abertura por marcação, a permissão de realização de serviços ao domicílio e a revisão dos critérios do ‘lay-off’.
A petição surgiu depois de a cabeleireira ter colocado no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga uma ação contra o Estado, revoltada pelo facto de haver profissionais do setor – no caso os que trabalham com figuras públicas – que continuam a trabalhar, enquanto a maioria está impossibilitada de o fazer no âmbito do estado de emergência.
A revolta surgiu após a apresentadora Cristina Ferreira ter partilhado fotografias a receber tratamentos de cabeleireiro.
Logo que a petição chegou aos 2.500 assinantes – hoje já tem mais de 4.000 – Vânia de Oliveira submeteu-a à Assembleia da República. Com este número de assinaturas, a petição será apreciada em comissão parlamentar competente, em debate que tem lugar logo a seguir à apresentação do respetivo relatório final pelo deputado ao qual foi distribuído.
No entanto, a bracarense quer chegar às 7.500 assinaturas, que lhe permitirão ser ouvida pelos deputados no Parlamento.
A cabeleireira diz que “a revolta está cada vez mais crescente, dado que as estações televisivas continuam a prestar serviços desta índole e os cabeleireiros têm, por imposição legislativa, que ter a atividade encerrada (onde se inserem as domiciliações)”.
“A falta de igualdade e a falta de apoios ditam a voz que une, neste momento, todos os setores encerrados”, acrescenta.
“Emociono-me com a quantidade de pessoas que me procuram e me dão força, eu estou a fazer isto por todos, desde ginásios, bares, discotecas, restaurantes, organizadores de evento, profissionais liberais, prestadores de serviços de todos os sectores, daqueles que estão fechados”, realça a cabeleireira, concluindo: “Ou alguém nos ouve, ou vamos sair à rua, em massa”.
A petição online, que, salienta, “não é contra nenhuma figura pública mas, antes, no sentido de reestabelecer a igualdade e se, para uns, a possibilidade de prestar serviços a um conceito lato de domicílio é possível, então, nas exceções legislativas do Estado de Emergência, deverá possibilitar-se essa opção ou, antes, manter os funcionamentos dos estabelecimentos assegurados pelo sistema de marcações”.
Na petição, em que pede revisão do estado de emergência e das medidas de apoio às pessoas, famílias e empresas, Vânia de Oliveira defende, tal como na intimação ao Estado, que este permita a abertura destes estabelecimentos, assente num conjunto de regras escrupulosas; permita a prestação de serviços, com todas as medidas da DGS, por domiciliação; ou permita que o acesso ao ‘lay-off’ não tenha a entrave de inexistência de dívida ao Estado.
“Queremos discutir o que se passa no país. E isto não é só na nossa área. Podemos ir ao supermercado buscar comida e comprar bebidas, mas no take-away não podemos trazer uma garrafa de água. Se encomendarmos pela Uber, já podemos ter bebida. Isto não me faz sentido”, critica Vânia Oliveira.
“Não está a haver igualdade. E a saúde está preocupante. Fechamos? Sim. Mas então que nos tratem a todos por igual e os apoios aconteçam, sem entraves, porque a fome e as dificuldades estão a surgir”, conclui.