Pescadores de Caminha e Viana vão exigir ao Governo compensação por parque eólico

Pescadores de embarcações locais “sentem uma revolta tremenda por terem ficado de fora do acordo da compensação de um milhão de euros que a Windplus, titular da Utilização do Espaço Marítimo Nacional, negociou com a associação de pescadores Vianapesca”
Foto: Ilustrativa / DR

Cerca de 90 pescadores de Caminha e Viana do Castelo vão exigir uma “compensação justa” pelos prejuízos da instalação de um parque eólico flutuante numa reunião que foi pedida ao secretário de Estado das Pescas, anunciou o porta-voz daqueles profissionais.

Em causa está o Windfloat Atlantic (WFA), um projeto de uma central eólica ‘offshore’ (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.

O porta-voz, o advogado Pedro Meira, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com o presidente da Câmara de Viana do Castelo, disse “aguardar para os próximos dias” o agendamento da reunião com o Governo para “reabrir a porta do diálogo” e “encontrar uma compensação justa para os pescadores de embarcações locais”.

Questionado sobre o valor dessa compensação, Pedro Meira escusou-se a avançar números.

O porta-voz garantiu que “nenhuma medida está fora de hipótese”, referindo-se a uma tomada de posição de “força”, como impedir a instalação do cabo submarino que vai ligar o parque eólico flutuante à rede, instalada em Viana do Castelo, ou a via judicial.

Segundo o advogado, os pescadores de embarcações locais “sentem uma revolta tremenda por terem ficado de fora do acordo da compensação de um milhão de euros que a Windplus, titular da Utilização do Espaço Marítimo Nacional, negociou com a associação de pescadores Vianapesca, para compensar os armadores potencialmente afetados pela instalação do WFA”.

“Dos cerca de 90 pescadores de embarcações locais de Viana do Castelo e Caminha que represento, 30 são diretamente afetados pela instalação do cabo submarino”, afirmou, apontando que, “ao longo do processo de instalação daquele projeto eólico, houve discriminação negativa dos pescadores de embarcações locais”.

“Ao contrário, houve uma discriminação positiva de 16 pescadores de embarcações costeiras. Isso não vai ao encontro dos princípios basilares da nossa Constituição que é justiça e equidade”, sustentou o advogado.

O porta-voz referiu que a associação que “negociou” com a concessionária do parque eólico a compensação de um milhão de euros “representa cerca de 10% dos pescadores da região”, afirmando desconhecer quem indicou a Vianapesca para “dar a cara” pela comunidade piscatória.

O presidente da Associação de Pesca Profissional de Pescadores do rio Minho e Mar, com sede em Caminha, explicou que “a implantação” do parque eólico flutuante “afeta mais de 10% da área de pesca das embarcações locais”.

“Sentimo-nos completamente postos de parte quando nenhum um euro é chamado às nossas comunidades e vemos 16 barcos que foram afetados em milésimas da sua área de pesca a serem compensados com um milhão de euros”, especificou Augusto Porto.

De acordo com este dirigente, numa reunião realizada há mais de duas semanas na Câmara de Viana do Castelo, e onde marcou presença o secretário de Estado das Pescas, foi feita uma proposta aos pescadores de embarcações locais que ronda os 150 a 200 mil euros”.

“Queremos ser tratados com dignidade, como pessoas que descontam e sofrem muito para trazer sustento para terra”, referiu Augusto Porto, adiantando que os pescadores de embarcações locais “estão dispostos a ir até às últimas consequências” para serem “justamente” compensados.

Questionado pelos jornalistas, o presidente da Câmara de Viana do Castelo garantiu que irá interceder junto do Governo.

“Vou informar o secretário de Estado das Pescas desta reunião, das preocupações que me foram colocadas e pedir que seja marcada uma nova reunião para aprofundar a linha de trabalho. O secretário de Estado das Pescas e a ministra do Mar nunca se mostraram indisponíveis para qualquer reunir”, disse o socialista José Maria Costa.

À porta da Câmara de Viana do Castelo aguardaram pelo desenrolar da reunião, que se prolongou por duas horas, cerca de 30 pescadores.

 
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