Um estudo concluiu que a pegada ecológica de Guimarães é de 3.76 hectares globais ‘per capita’ e que seriam precisos 2.2 planetas Terra para suportar o estilo de vida da Humanidade caso a média mundial fosse igual à vimaranense.
Apresentado esta tarde, no Laboratório da Paisagem, em Guimarães, um “estudo inovador” orientado pela Universidade de Aveiro mostrou que a média vimaranense é cerca de 3% inferior à média nacional e que este tipo de investigações “é muito útil” para traçar medidas políticas nacionais de combate ao “peso” da pegada ecológica.
Em declarações à Lusa, uma das coordenadoras do estudo, Sara Pires, explicou que por pegada ecológica, “como o próprio conceito visual remete”, mede o “impacto de cada um através das dinâmicas de consumo” no planeta terra.
“A pegada ecológica permite-nos avaliar a nossa pressão sobre os recursos naturais, sobre a necessidade de área, de terra, que precisamos para ter a produção de recursos naturais e absorver os resíduos que produzimos”, apontou a investigadora.
À pegada ecológica, referiu Sara Pires, há que associar o conceito de biocapacidade: “A pegada mede a pressão, a necessidade de área, a biocapacidade mede a área que efetivamente dispomos. Neste confronto, que tende a ser desequilibrado para o lado da pressão, vem uma leitura crucial para mudarmos de políticas publicas, estilos de vida, estilos de consumo”, disse.
A investigadora salientou que aquele confronto “permite avaliar a pressão que se exerce no sistema terrestre” e que o projeto hoje apresentado “permite calcular a pegada ecológica ao nível do município e tentar confrontá-la com a biocapacidade”.
Segundo o estudo, que remete para dados recolhidos em 2013, a pegada ecológica de um vimaranense é de 3.76 hectares globais (gha) ‘per capita’, ou seja, “em média, cada residente de Guimarães precisou de 3.76 gha de área bioprodutiva para suportar o seu estilo de vida”, sendo que a média nacional é de 3.9 gha.
Apesar de ser uma média inferior à média nacional, aquele valor é 2.5 vezes maior do que a média da biocapacidade de Portugal (aproximadamente 1.52gha): “A estes níveis de consumo, seriam necessários 2.2 planetas Terra para suportar esta pegada, se toda a população mundial tivesse em média o mesmo valor desta pegada”, apontou Sara Pires.
Para a investigadora, “o resultado calculado para Guimarães coloca a população vimaranense numa perspetiva média positiva em comparação com Portugal, mas com um papel muito desafiante em relação ao futuro”.
No cálculo da pegada ecológica a alimentação é a variável com mais peso: “Podemos analisar este resultado por via das atividades de consumo e aí conseguimos perceber que, curiosamente, é através do consumo de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas que reflete o principal impacto dos vimaranenses na pegada ecológica do território, seguida da sua mobilidade e consumo de transportes”, disse.
“De acordo com a trajetória nacional, este resultado demonstra que o peso de consumo de bens alimentares é muito grande na pegada ecológica”, finalizou.
Sara Pires explicou ainda que o projeto está ainda em desenvolvimento.
“Numa segunda fase o objetivo passa por “introduzir calculadoras via online ao dispor dos municípios para cada pessoa perceber qual o seu peso na pegada ecológica e o que tem a fazer para reduzir”, referiu.