Um conto infantil inspirado no Auto de Floripes, peça de teatro popular representada há mais de 200 anos em Viana do Castelo, vai ser lançado, no sábado, para “transmitir” aquele património cultural às próximas gerações, foi hoje divulgado.
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Em declarações à agência Lusa, o presidente do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto, Pedro Rego, explicou que o conto infantil aborda “o enredo do Auto da Floripes, peça multissecular, de cariz popular, que, enquanto bem patrimonial de dimensão nacional e internacional, se assume como elemento identitário e congregador da região”.
Em causa está uma representação popular que todos os anos é feita na tarde de 05 de agosto, durante as festividades do lugar das Neves, comum a três freguesias, Vila de Punhe, Mujães e Barroselas, todas na margem esquerda do rio Lima, em Viana do Castelo.
O auto é levado à cena por cerca de 25 comediantes populares da região e baseia-se num episódio extraído da guerra entre o imperador Carlos Magno e o rei turco Almirante Balaão, uma disputa entre cristãos e mouros, que os primeiros acabam por vencer.
O conto infantil que vai ser lançado no sábado, às 17:00, no Fórum Cultural das Neves, é da autoria Carlos Quintas Neves e é ilustrado pelos artistas Cipriano Oquiniame e, Gianpiero Rispoli.
Pedro Rego adiantou que a edição do conto infantil é destinada “sobretudo aos mais jovens, mas todos podem fruir da sua leitura”.
“Inserida num contexto pedagógico, o lançamento do livro revela o propósito fundamental de transmitir uma mensagem de esperança e futuro, bem como de cidadania e educação. Numa alusão à transmissão de valores culturais e identitários entre gerações, mas refletindo também uma experiência pessoal do autor, o conto é enquadrado num diálogo entre avó e neto”, explicou.
A iniciativa do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto conta com o apoio da Câmara de Viana do Castelo e das autarquias de Barroselas e Carvoeiro, Mujães e Vila de Punhe.
Para o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, responsável pela representação, a peça “é uma relíquia do teatro popular português”.
A peça de teatro popular representada todos os anos no lugar das Neves começa com “a chegada dos exércitos ao campo de batalha é feita ao som de bandas de música, iniciando-se depois o duelo, interpretado pelo Conde de Oliveiros, pelo lado cristão, e por Ferrabrás, rei de Alexandria e filho de Balaão, pelo lado turco.
Oliveiros ganha o duelo, mas, numa cilada, é feito prisioneiro pelos soldados turcos, enquanto Ferrabrás, muito ferido, é abandonado pelos seus homens, que o julgam morto, sendo recolhido pelos soldados cristãos, que o levam para junto de Carlos Magno.
Este manda embaixadores ao rei turco a propor a troca de Oliveiros por Ferrabrás, mas Balaão recusa e manda Brutamontes, o bobo da corte, encarcerá-lo, após o que se sucedem trocas de embaixadas e mais guerras entre as partes.
É então que entra em cena Floripes, filha do Almirante Balaão, que consegue convencer Brutamontes a libertar Oliveiros e os restantes prisioneiros, entregando-os a Carlos Magno.
O rei turco, ferido de raiva pela traição da filha, clama vingança, tendo então lugar mais algumas escaramuças entre cristãos e turcos, mas estes últimos acabam por se render. No fim, dançam todos as loas à Senhora das Neves, para depois abandonarem uns e outros o campo de batalha, novamente ao som das contradanças tocadas pelas bandas de música.