O secretário-geral do PCP disse hoje que o Governo deveria “ter acionado mais cedo” o pedido de ajuda internacional para o combate aos incêndios florestais que fustigam o país, alegando que tudo indicava que seria necessário ativá-la.
“É claro que esse mecanismo [a ajuda internacional] devia ter sido acionado mais cedo, porque tudo indicava que era necessário ativá-lo”, referiu Paulo Raimundo à margem de uma visita à Feira Medieval em Silves, no Algarve.
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP começou por manifestar a sua “solidariedade para com a família das vítimas, em particular da pessoa que morreu hoje” em Vila Franca do Deão, no concelho da Guarda, populações e agentes da Proteção Civil.
“Esperemos que seja a última [morte] para quem enfrenta esta devastação, porque todos os anos é a mesma coisa”, apontou.
O problema dos fogos que se repete ano após anos, segundo Paulo Raimundo, “não está na falta da ajuda internacional, mas sim nas opções políticas tomadas pelos sucessivos governos em não investir no ordenamento do território e da floresta”.
Para o líder comunista, “enquanto não se olhar para o ordenamento do território, para a ocupação do interior, o problema dos fogos vai continuar, porque existem propostas e toda a gente sabe o que é preciso fazer”.
“A questão de fundo é o desinvestimento brutal dos sucessivos governos no despovoamento do interior, planeamento e reordenamento dos territórios florestais”, realçou.
Sublinhando que “não é possível evitar os fogos”, Paulo Raimundo alegou que “é possível investir mais na floresta e em meios de prevenção para atuar e evitar os fogos e sua dimensão devastadora que tem ocorrido no país nos últimos dias”.
Questionado sobre a quem compete assumir as responsabilidades na resposta de combate aos fogos, Paulo Raimundo disse que “este não é momento para se falar disso”.
“O momento agora e o de concentrar todas as forças que temos, com meios bem coordenados para combater esta devastação e evitar ao máximo danos pessoais, em animais e habitações, só depois falaremos das responsabilidades, que as há”, apontou.
Questionado sobre o discurso de Luís Montenegro na quinta-feira na Festa do Pontal, em Quarteira, que marcou a ‘reentré’ política do PSD, Paulo Raimundo classificou-o como “um discurso fora da realidade do país, à semelhança do tem feito nos últimos tempos”.
“São discursos de promessas e de vender ilusões. O que o senhor primeiro-ministro quer é que nós falemos sobre os factos políticos que ele quer criar”, apontou.
Segundo Raimundo, temas como o acesso à habitação, os salários e a resposta na saúde ficaram fora do discurso de Luís Montenegro, que preferiu “vender um país que não existe, criando factos políticos para que sejam comentados, nomeadamente a referência ao Tribunal Constitucional”.
“Temos uma Constituição da República Portuguesa. Sei que o senhor primeiro-ministro e os partidos que apoiam a sua política, como o CDS, Chega e Iniciativa Liberal, não gostam da Constituição, mas têm que ‘levar’ com ela, porque é a que existe”, salientou.