O PCP de Braga criticou hoje a decisão da câmara local de realizar a Feira do Livro deste ano integralmente em formato digital, defendendo que há “todos os meios” para garantir a presença, em segurança, dos livreiros.
Em comunicado, o PCP acrescenta que a decisão da Câmara de Braga “é ainda mais incompreensível num contexto em que a própria é promotora de outros eventos na via pública, tais como as feiras e mercados, nas quais são cumpridas todas as regras sanitárias”.
“Não se compreende pois a decisão de cancelamento da presença dos livreiros nas ruas de Braga, quando o município dispõe de todos os meios para garantir a segurança de todos os intervenientes”, lê-se no comunicado.
O PCP sublinha que “hoje, mais do que nunca, se justificam medidas de apoio” àquele setor cultural, depois de mais de dois meses com a sua atividade suspensa e de portas fechadas.
No início do mês, a Câmara de Braga anunciou que a edição 2020 da Feira do Livro vai decorrer de 03 de julho e até ao final desse mês, integralmente em ambiente digital, por causa da pandemia de covid-19.
Segundo a vereadora da Cultura, Lídia Dias, este ano “seria muito difícil garantir as regras relativas à concentração de expositores e visitantes nas ruas, bem como o necessário distanciamento físico e a higienização regular dos espaços expositores e dos livros consultados”.
O PCP contrapõe que a feira se ao ar livre, na via pública, “em ruas com dimensão suficiente para permitir o necessário distanciamento entre expositores, bem como a circulação de público com a garantia de cumprimento do ajustado distanciamento físico”.
Acrescenta que os agentes participantes na Feira do Livro dispõem anualmente de um módulo expositor próprio, individual, “no qual seria possível garantir o cumprimento de todas as regras sanitárias determinadas pelas autoridades de saúde relativas à covid-19.
Lembra ainda que está já confirmada a realização das feiras do Livro do Porto e de Lisboa, “de uma dimensão muito superior” à de Braga e “com muitos mais milhares de participantes”.
O PCP alude também ao recente anúncio de que a Câmara de Braga licenciou a presença de comerciantes na Ponte de São João, no âmbito da programação das festas de São João deste ano.
Por isso, sublinha a “postura incoerente” por parte da maioria no executivo municipal.
“Ainda que a programação cultural da Feira do Livro deste ano pudesse ser ajustada às condicionantes impostas pela pandemia, evitando grandes aglomerações em ambientes fechados, nada justifica que os livreiros, alfarrabistas e editoras não possam voltar ao contacto com o público nas ruas de Braga, tal como acontece todos os anos”, remata o comunicado do PCP.
O município já anunciou que foi concebida uma programação cultural em ‘streaming’ e adotada uma plataforma para a venda dos livros online para todas as entidades presentes.
Assim, aquela que será a 29.ª edição da feira terá uma programação com vários passatempos, com a oferta de centenas de livros e conversas com autores nacionais e estrangeiros, entre os quais Richard Zimler, Isabel Stilwell, Afonso Reis Cabral, os espanhóis Ildefonso Falcones e Manuel Vilas e a brasileira Adriana Lisboa.
Disponível para todos os livreiros, alfarrabistas e editoras participantes, a venda online será efetuada através de alojamento na plataforma DOTT, uma rede com mais de 900 lojas, dois milhões de produtos e cerca de um milhão de acessos mensais, garantindo um nível de exposição “forte e nacional” à Feira do Livro de Braga.
Esta plataforma estará disponível até final de agosto.