Paulo Marques regressa ao Dakar ao fim de quase 20 anos

Piloto de Famalicão vai competir na prova pela 15.ª vez
Yoshio Ikemachi e Paulo Marques na viatura HySE. Foto cedida a O MINHO

Paulo Marques vai regressar ao palco que o levou à notoriedade em 1997, quando se tornou no primeiro português a ganhar uma etapa do mítico Paris-Dakar, terminando em oitavo na geral desse ano.

Em declarações exclusivas a O MINHO, o piloto de Famalicão revelou que recebeu um convite do piloto japonês Yoshio Ikemachi para ser seu co-piloto na classe Mission 1000, integrada no Dakar 2025, que arranca em janeiro, na Arábia Saudita.

Esta classe é exclusiva a veículos com características inovadoras, como carros elétricos e, no caso do modelo que Paulo Marques irá pilotar, um HySE, é movido a hidrogénio.

HySE, depois dos treinos. Foto cedida a O MINHO

O veículo, na categoria de carros, é proveniente de uma equipa constituída pelas quatro maiores fabricantes de motas japonesas: Kawasaki, Yamaha, Suzuki e Honda, numa parceria com a construtora de carros Toyota, que aproveita este tipo de competições para testar veículos inovadores.

Yoshio Ikemachi e Paulo Marques na viatura HySE. Foto cedida a O MINHO

“Estivemos a fazer testes em Leiria, já com técnicos japoneses, e viemos convictos que o carro tem potencial, é obvio que não vamos competir com os da classe mais veloz do Dakar, mas vamos tentar fazer boa figura na nossa classe”, adiantou, afirmando não saber se há mais carros a hidrogénio nesta competição, mas confirmando pelo menos um camião.

“No nosso caso são quatro tanques de hidrogénio, que permite maior autonomia relativamente à que já tinham utilizado no ano passado, que era apenas com três tanques”, acrescentou o minhoto.

Engenharia japonesa e belga experimentam novos modelos de locomoção rodoviária. Foto cedida a O MINHO

Vai ser o seu 15.º Dakar

Paulo Marques, que faz amanhã 62 anos, lembra que a sua última participação no Dakar foi em 2007, de carro, depois de quatro anos nessa categoria. Contudo, foi nas motas que ‘brilhou’ durante 10 anos, entre 1994 e 2003, tornando-se, em 1997, o primeiro português a ganhar uma etapa do Dakar, no caso a penúltima desse ano.

O convite para participar, em 2025, na sua 15.ª edição, partiu do próprio piloto japonês Yoshio Ikemachi, de quem Paulo Marques se tornou amigo, inclusive com o nipónico a visitar Famalicão com o seu pai.

Paulo Marques durante os testes realizados em Leiria. Foto cedida a O MINHO

“Navegámos juntos no deserto por várias vezes, e uma vez estávamos no rali da Tunísia e indicaram-me do Brasil para convidar pilotos internacionais para uma prova que era o rali dos Sertões, e convidei o Yoshio, ficámos amigos, e agora como a equipa japonesa o selecionou para ser o piloto deste novo veículo, ele apontou-me como o co-piloto, até porque posso dizer que já tenho alguns anos de Dakar comigo (risos)”, concluiu Paulo Marques.

Tínhamos cinco aparelhos diferentes no automóvel, agora é um tablet

Apesar de ser um profundo conhecedor das corridas de deserto, Paulo Marques confessa que há algumas coisas que mudaram e que terá de se adaptar nesta edição, que decorre exclusivamente ao longo de 7.000 quilómetros pela Arábia Saudita. Sobretudo como co-piloto.

Equipa do HySE. Foto cedida a O MINHO

Dá o exemplo de equipamentos como o Sentinel, que serve para perceber se algum concorrente se está a aproximar, algo crítico quando só se vê pó por todos os lados, ou o Easytrack, que liga diretamente do piloto à sede em Paris, essencial para pedir assistência aérea em caso de avaria ou acidente.

“Agora está tudo num tablet. Vou ter de me adaptar”, concluiu.

Paulo Marques parte para a Arábia Saudita no próximo dia 29 de dezembro, e estará em prova no Prólogo, no dia 03 de janeiro de 2025, com o arranque marcado para a cidade de Bisha.

O rali tem depois 12 etapas, terminando no dia 17 de janeiro, em Shubaytah.

 
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