A participação da construtora Aurélio Martins Sobreiro (AMS), que fechou em 2012, nas ex-SCUT do Norte Litoral e do Algarve foi vendida, esta quarta-feira, por 5,5 milhões de euros, revelou fonte do gabinete do administrador de insolvência.
A fonte adiantou que a decisão, tomada esta quarta em assembleia de credores, recolheu duas abstenções entre os cerca de 120 credores presentes na sessão, cujo único ponto da ordem de trabalhos era a venda daqueles ativos.
Segundo a fonte do gabinete do administrador de insolvência Nuno Ribeiro da Silva, na reunião de hoje, realizada no Centro Cultural de Viana do Castelo, “foi decidido vender os cerca de 3% de participação em cada uma das duas antigas concessões Scut – Sem Custos para o Utilizador ao Grupo Cintra, sendo que a decisão “carece ainda do aval do Estado, nomeadamente, dos Ministérios da Economia e das Finanças”.
Com aquela decisão de venda, adiantou, “vai ser possível ressarcir os 287 ex-trabalhadores da totalidade das indemnizações a que têm direito”, sendo que “em janeiro deste ano receberam cerca de 54% das verbas a que têm direito”.
Acrescentou que “falta ainda vender vários bens, móveis e imóveis” daquela empresa, entre eles uma pedreira em Vila Praia de Âncora, a sede da sociedade em Viana do Castelo e diversos equipamentos.
O património da empresa começou a ser vendido em abril de 2014, com o leilão dos bens móveis, para garantir o pagamento de parte dos créditos devidos.
Entre os equipamentos que integravam a massa insolvente contavam-se, sobretudo, diversos tipos de maquinaria e máquinas pesadas, além de cerca de meia centena de viaturas.
A empresa, que chegou a ser a maior construtora do Alto Minho, foi fundada em 1970 e cessou definitivamente a atividade em dezembro de 2012.
Foi declarada insolvente em outubro de 2011 quando 860 credores reclamavam uma dívida de cerca de 39 milhões de euros, dos quais 4,7 milhões de euros são relativos aos trabalhadores.
Com sede em Viana do Castelo, a AMS foi responsável por obras públicas em todo o país e chegou a estar presente, com atividade própria, em Angola e Moçambique.
Em abril passado, o tribunal de Viana do Castelo absolveu três ex-administradores da construtora, acusados de insolvência dolosa agravada.
A juíza sustentou a decisão pela “total ausência de provas” dos factos que constavam da acusação.
No processo, que resultou de uma queixa-crime apresentada pelo administrador de insolvência, o Ministério Público (MP) acusava os três administradores de terem feito “desaparecer” ativos daquela construtura, em Moçambique, avaliados em pelo menos cinco milhões de euros.