A produção da trilogia “Oresteia”, de Ésquilo, forma “o eixo de criação dos próximos três anos” da companhia Primeiros Sintomas, em associação com as Comédias do Minho, na criação de uma peça por ano.
A informação foi avançada à agência Lusa por Bruno Bravo, diretor artístico dos Primeiros Sintomas, coletivo teatral com sede no Centro de Artes de Lisboa (CAL), à margem da estreia de “A tragédia de Macbeth”, na quarta-feira, neste centro artístico da capital.
“Temos um projeto muito grande e vamos começar os ensaios agora já, em fevereiro, que é a ‘Oresteia’, em coprodução com as Comédias do Minho”, associação sediada em Paredes de Coura.
“É um projeto muito ambicioso, porque são três peças a estrear uma em cada ano”, acrescentou Bruno Bravo a propósito da produção conjunta da trilogia do dramaturgo da Grécia Antiga, reconhecido como o fundador do teatro de tragédia.
Em junho próximo estrear-se-á “Agamémnon”; em 2024, será a vez de “Coéferas” e, em 2025, será apresentada a “Oresteia” completa, onde se incluirá “Euménides”, o texto que completa a trilogia.
Com tradução original de José Pedro Serra, “Oresteia” é considerada um dos expoentes da literatura do Ocidente, e narra a história sangrenta de Agamémnon, rei de Argos.
A trilogia aborda questões morais e religiosas, como a culpa, a expiação, o significado do sofrimento humano e a responsabilidade cada um perante os outros e o seu lugar na Humanidade, questões que se impõem à consciência humana ao longo da história.
Em junho deste ano, “Agamémnon” estrear-se-á em Paredes de Coura, concelho que acolhe as Comédias do Minho, e estará “em vários concelhos ali à volta do Minho”, disse Bruno Bravo à Lusa, acrescentando que, em julho, a peça será apresentada em Lisboa, onde “fará temporada no CAL”.
“Coéferas”, a segunda tragédia da trilogia, estrear-se-á no CAL em 2024 e, no ano seguinte, a estreia completa de “Oresteia” ocorrerá no Minho.
A versão integral será depois apresentada em Lisboa, em princípio na Culturgest, segundo Bruno Bravo.
Os Primeiros Sintomas estão no CAL há quatro anos. Devido a circunstâncias várias, entre as quais a pandemia de covid-19, que obrigou ao fecho das salas de espetáculo, o espaço acolheu programação não produzida pelo coletivo Primeiros Sintomas, a companhia residente.
Por causa da paragem e para não perderem acordos que já tinham com outras entidades, o CAL teve uma “programação muito forte fora dos Primeiros Sintomas”, disse Bruno Bravo, sublinhando que esta estrutura pretende agora “centrar grande parte da produção da companhia” naquele centro situado na Rua de Santa Engrácia, em Lisboa.
“Queremos aproveitar o CAL o melhor possível para apresentar espetáculos, independentemente das coproduções que poderão existir mais para a frente”, concluiu Bruno Bravo, diretor artístico e encenador dos Primeiros Sintomas.
A próxima estreia da companhia, “A tragédia de Macbeth”, de Shakespeare, com encenação de Bruno Bravo, acontece na próxima quarta-feira, dia 18, e vai ficar em cena no CAL até dia 28, com récitas de terça-feira a sábado, às 21:30.