A Organização Regional de Braga do PCP alertou hoje que há atualmente mais 6.728 desempregados no distrito do que em fevereiro, sublinhando o “decisivo contributo” dos despedimentos registados no setor têxtil, do vestuário e do calçado.
Em comunicado, o PCP refere que o aumento do desemprego aconteceu à “boleia” da epidemia e à custa do encerramento e insolvências das micro e pequenas empresas, com a consequente concentração da produção em grandes grupos.
O PCP diz ainda que os novos 6.728 desempregados no distrito são dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, mas ficam aquém dos números “reais”.
Para a subida do desemprego, garantem os comunistas, houve o “decisivo contributo” do despedimento de trabalhadores do têxtil, vestuário e calçado, “principalmente com vínculos precários das empresas temporárias de trabalho e os que tinham contratos de fim de semana e à hora”.
No comunicado, o PCP refere que a pandemia originou quebras salariais entre os 40 e os 400 euros, “imposição unilateral e à margem da lei” do gozo de férias e aplicação de “banco de horas negativo ilegal”.
Diz ainda que o ‘lay-off’ simplificado serviu para uma “enorme exploração” por parte do patronato, “com situações inadmissíveis do recurso aos apoios do Estado, pago ou a pagar pelos mesmos trabalhadores”.
Entre essas situações, o PCP destaca a colocação da empresa a receber os apoios e continuar a laborar a 100%, “coagindo os trabalhadores a assinar documentos para dizer que estão a laborar em ‘lay-off’ com a redução de horário”.
Alude ainda ao corte do direito aos cinco dias de luto por morte de um familiar direto, “só porque a produção assim o exige”, e a empresas em ‘lay-off’ e a fazerem horas extraordinárias.
Há também empresas em ‘lay-off’, mas com salários em atraso.
Os casos já foram participados à Autoridade para as Condições do Trabalho.
“Sendo o distrito de Braga com alta concentração de empresas dos setores têxtil, vestuário e calçado, temos assistido a políticas de aniquilamento das micro e pequenas empresas e à crescente concentração da produção em grandes empresas e grupos. Isto tem originado o domínio do privilégio de apoios do Estado para as grandes empresas, uma lenta reconstituição da política industrial e económica do fascismo, a par de salários de miséria”, lê-se ainda no comunicado.
Por isso, e face “à gravidade” da situação de muitos milhares de trabalhadores e suas famílias no distrito, o PCP vai promover, de 06 a 31 de julho, uma campanha de apelo à luta dos trabalhadores daqueles setores.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 484 mil mortos e infetou mais de 9,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.549 pessoas das 40.415 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.