O município de Braga, através do programa Actum (Convocatória Aberta de projetos artísticos 2020), inaugurou na Casa dos Crivos, uma exposição coletiva de artes plásticas e visuais, com um conjunto de 23 artistas. A exposição está disponível até dia 24 de janeiro e o valor das obras, caso sejam vendidas, revertem na totalidade para os autores.
A proposta da exposição é uma reflexão sobre o estado atual do mundo, com enfoque na pandemia e na perceção do artista, do momento que vivemos. As obras apresentadas representam esse momento de interação, social ou individual, do artista com o vírus e com a atualidade.
Rafael Ibarra, artista mexicano residente em Portugal há cinco anos, é um dos 23 participantes. Expõe uma pintura que representa a reconstrução do conceito de pátria, pensada durante o período de isolamento, “quando estamos isolados pensamos no passado e no futuro. Na infância e na vida pós pandemia”. A obra intitula-se “Estranho País” e propõe um pensamento circular e fantasmagórico sobre a estranha relação entre a memória e o presente, a migração e o novo lar.
Manecas Camelo, artista residente da cidade de Braga, apresenta para a exposição uma pintura acrílica, monocromática, com o mote “indo para lado nenhum”. A criação representa as migrações dos povos, sem sítio para imigrar. “Uma busca por esperança e paz, que não é fácil de encontrar no mundo atual devido a problemas como a poluição, a desigualdade ou a pandemia. Pessoas que fogem da guerra, mas não têm para onde fugir”.
O programa Actum visa promover o trabalho da comunidade artística bracarense, potenciando a criação de conteúdos criativos e a valorização de artistas profissionais ou emergentes da região. A aproximação dos cidadãos das práticas artísticas locais e contemporâneas é outro objetivo da organização.
As obras podem ser observadas e compradas na Casa dos Crivos e na plataforma de arte online da “Zet Gallery”, que é um dos organizadores e responsáveis pela curadoria da exposição.
Casa dos Crivos
A Casa dos Crivos, situada na rua S. Marcos no centro histórico de Braga, é considerada património cultural e imóvel de interesse público, desde 1971. A casa é um dos principais espaços culturais da cidade.
O nome do edifício histórico deve-se às fachadas principais, que estão revestidas por estruturas de madeira, que ocultam as janelas e o interior da casa. É conhecido por ser um exemplar único de habitação na área urbana de Braga entre o século XVII e o século XVIII.
As estruturas de madeira, apelidadas de gelosias ou rótulas, são vestígios de arquitetura árabe na cidade dos arcebispos. O seu objetivo era o de proteger as mulheres, de olhares curiosos, no interior das casas. Segundo a obra de Sérgio da Silva Pinto, “Guia de Braga – Arte e Turismo”, “a partir do século XVII, o ambiente de excessiva religiosidade fez cobrir as janelas de gelosias que dariam a Braga o aspeto de uma cidade muçulmana”.