Já há em Braga quem pague 350 euros para dividir não uma casa, mas um quarto. É o caso de dois amigos, de 58 e 61 anos, que partilham um quarto num antigo hostel, obrigados, assim, a dividir a mesma cama.
O caso é contado numa reportagem da SIC Notícias que dá conta do aumento de pedidos de ajuda de pessoas e famílias que não tem como suportar os custos com a renda.
No caso em questão, os dois homens – que falaram à televisão sob anonimato – viram a vida “trocar-lhes as voltas” na altura da pandemia. Um foi operado a um cancro no pulmão e está reformado por invalidez. O outro passou por um divórcio, entrou em depressão e esteve internado no hospital. Deixou de conseguir trabalhar. Recebe apenas o rendimento social de inserção.
“Como é que alguém passou uma licença de habitabilidade para o quarto que habitámos? Não tem ponta de luz natural, as portas estão todas cortadas para circular ar, as paredes estão a ficar pretas”, questionam na reportagem.
“Tendo em conta os baixos rendimentos daqueles que procuram o apoio da Cáritas, as soluções passam, às vezes, por viver em varandas, partilhar quartos quando são famílias, partilhar camas quando são pessoas isoladas”, conta à SIC Notícias, Eva Ferreira, diretora técnica da Cáritas de Braga.
João Nogueira, presidente da Cáritas de Braga, nota que que a “novidade” deste fenómeno da “cama quente, das camas partilhadas”, surgiu apenas “no último ano”.