O padre de Darque, Viana do Castelo, que em março foi alvo de contestação e pedido de afastamento pela população, foi dispensado pelo bispo da capital do Alto Minho que já nomeou substituto, divulgou hoje a diocese.
A saída do pároco Manuel Pinto integra uma lista de 19 dispensas e nomeações sacerdotais divulgadas hoje pela Diocese de Viana do Castelo.
De acordo com uma nota enviada à agência Lusa pelo secretariado para a comunicação social da diocese, Manuel Pinto, de 40 anos, nomeado para aquela freguesia em julho de 2015, “é dispensado da paroquialidade de São Sebastião de Darque, no Arciprestado de Viana do Castelo, para prosseguir os estudos em Direito Canónico, grau de doutoramento, na Pontifícia Universidade de Salamanca”.
Para aquele lugar, adianta a Diocese de Viana do Castelo, é nomeado Xavier Amado Fernandes Moreira, que acumula com as funções de pároco de Castelo de Neiva.
No início de março, um grupo de cidadãos de Darque lançou uma petição pública na internet a pedir o afastamento do padre católico Manuel Pinto face às “inúmeras atitudes lamentáveis para com a população” daquela freguesia da margem esquerda do rio Lima.
A petição foi lançada na sequência de uma denúncia pública feita através das redes sociais por um jovem da freguesia que lamentou o facto de o pároco ter realizado, conjuntamente, a missa do sétimo dia do falecimento do pai e as celebrações dos 25 anos de casamento de um casal da freguesia, sem que, em ambos os casos, os paroquianos tenham sido informados previamente da situação.
Posteriormente, um grupo de jovens do Sagitta Darque anunciava ter pedido uma audiência ao bispo de Viana do Castelo para exigir o afastamento do pároco que acusaram de tomar “atitudes indignas”.
A contestação ao pároco juntou ainda, no adro da igreja, durante uma missa dominical, cerca de 40 pessoas num protesto “silencioso” pela “falta de apoio” de Manuel Pinto.
No final da eucaristia, em declarações aos jornalistas, Manuel Pinto desvalorizou o protesto, afirmando tratar-se de “pessoas que têm feito ruído e atuado através de redes sociais, com petições ‘online’, por interesses que só eles saberão quais são”.
Questionado sobre a origem da contestação, o pároco afirmou residir na “incapacidade do grupo de jovens se inserir em igreja, no seio da comunidade paroquial”.
Manuel Pinto afirmou ter apresentado queixa na PSP por ameaças feitas na petição.
“Espero que siga para o Ministério Público para que as pessoas aprendam que têm de respeitar para serem respeitadas”, sublinhou, garantindo ter-se já reunido com Anacleto Oliveira.
“O senhor bispo está ao corrente de toda a situação. Está por dentro de tudo isto. Sabe muito bem quais são as motivações que estão inerentes a toda esta situação. São problemas de muitos anos que eu já sabia que existiam quando cheguei a esta paróquia. Naturalmente, quando se tem de trilhar um caminho de rigor as coisas por vezes não são entendidas assim”, referiu o padre que é também juiz no tribunal eclesiástico de Viana do Castelo em causas de nulidade do matrimonial.
Na altura, mais de três centenas de paroquianos juntaram-se num jantar de apoio ao pároco realizado no anfiteatro do Centro Pastoral Paulo VI, residência do bispo de Viana do Castelo.