Declarações dos treinadores após o Gil Vicente – Benfica (0-2), jogo da terceira jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Encontrámos um Benfica extremamente forte. Queríamos pressionar alto, o que conseguimos fazer a espaços na primeira parte, seguir o nosso processo de jogo, que passa por ter bola, e ‘ferir’ o Benfica. Na primeira parte, tivemos um ou outro remate, mas houve mais Benfica. O jogo foi equilibrado.
Na segunda parte, o Benfica entrou muito forte. Tivemos de correr muito. O desgaste energético foi elevado. O Benfica marcou após as substituições, quando a minha equipa fisicamente quebrou. É evidente que o Kritciuk faz duas ou três defesas de dificuldade elevada. Depois sofremos um golo por dois centímetros e um golo de elevar o estádio. Parabéns ao Benfica. Foi melhor do que nós. Lamento não termos podido jogar segundo o plano de jogo devido à grande capacidade do Benfica.
O Fran [Navarro] aporta à equipa um conjunto de situações que a torna muito forte, não só na capacidade de pressão à frente, como nos movimentos de ataque à profundidade. Perder um jogador a cinco minutos de iniciar o jogo abalou um bocadinho a minha equipa. Podíamos optar por meter o Fran, que tinha uma pequena dor, mas o campeonato é longo e não podia perder um jogador para dois meses só porque tinha um jogo ‘grande’ pela frente. A probabilidade de ele agravar a lesão era enorme.
Na primeira parte, queríamos fazer mais, mas o Benfica foi muito agressivo na reação à perda. Conseguimos pôr o Benfica [a correr] um bocadinho atrás da bola, mas não como queríamos. Os meus jogadores merecem o meu aplauso, mas a força do Benfica foi demasiado elevada. Para equilibrar na defesa, tivemos de correr muito. E faltou-nos mais lucidez para ter posse de bola. Mesmo assim, tivemos uma oportunidade de golo com 0-0.
O Benfica criou-nos sobretudo problemas com cruzamentos ao segundo poste ou em bolas paradas. Não me lembro de outros lances perigosos. Tem jogadores com grande capacidade no jogo aéreo. Coloquei o Hackman em campo [durante a segunda parte] para proteger a largura do [jogo do] Benfica e para defender as bolas paradas.
O nosso país é assim [a propósito da maioria de adeptos ‘encarnados’ no Estádio Cidade de Barcelos]. Os ‘grandes’ são ‘grandes’. Os ‘menos grandes’, como é o caso do Gil, são o que são. Um clube com a grandeza do Benfica traz uma força que é determinante para vencer jogos. No momento em que a equipa precisou, [os adeptos] ‘empurraram’ a equipa para a frente. Os nossos adeptos também nos apoiaram”.
Jorge Jesus (treinador do Benfica): “A equipa tem feito quase sempre dois golos. Mais uma vez não sofremos golos. A equipa defensivamente está muito forte e tem tempo para criar oportunidades de golo. Cria tantas que algumas têm de ser golo. O Lucas Veríssimo e o Grimaldo mostraram aos nossos avançados como é que se fazem golos. Mas o importante é que a equipa esteve forte. Isso foi sinónimo de dominar o jogo tanto na primeira parte como na segunda.
O Benfica tem duas vitórias: a do resultado e a do Darwin. O Darwin recuperou mais rapidamente do que o departamento médico pensava. Jogou 30 minutos e parecia que não estava parado há três meses. Parecia que tinha feito a pré-época. É mais um jogador para ajudar.
Fizemos o jogo em Barcelos e ainda não fizeram as 72 horas [depois do jogo com o PSV, para o ‘play-off’ da Liga dos Campeões]. As pessoas da área da recuperação contabilizam o tempo mínimo para se recuperar uma equipa, e nós nem isso tivemos. É preciso saber gerir [a equipa] a pensar na terça-feira. Hoje fui obrigado a colocar jogadores mais cedo do que pensava. É preciso saber com o jogo atual e com o que vem a seguir. Temos uma equipa em que todos percebem ser importantes. Isto faz com que o grupo fique mais satisfeito. Isso é que faz a diferença numa equipa: não é ter um plantel com 11 jogadores, mas um com 20 e tal, em que, mude-se quem mudar, a qualidade e a intensidade não baixam.
[As substituições] Tiveram alguma influência [no resultado final]. Os jogadores entraram faltando 31 minutos. A equipa do Gil já tinha mais dificuldades em acompanhar o nosso jogo ofensivo. Obrigámos o Gil Vicente a correr muito defensivamente durante a primeira parte. Com jogadores que pensam o jogo rapidamente, como o Grimaldo e o João Mário, começámos a ter mais oportunidades de golo.
A equipa é muito bem organizada. Tirando os três ou quatro ‘grandes’ e uma ou outra equipa, não há ninguém na I Liga com a qualidade do Gil Vicente no ataque posicional. É preciso qualidade nos jogadores e no treinador para fazerem o que fazem.
Tenho um ano e poucos meses de Benfica. São muitas horas e muitos treinos. Há uma identificação clara com a ideia que o treinador tem. O tempo ajuda a consolidar esses valores quando há jogadores de qualidade. O Benfica está muito mais forte neste começo de época do que no ano passado. Mas, na segunda volta do ano passado, o Benfica foi a equipa que mais pontos fez.
Ele [Waldschmidt] tem tido propostas de equipas alemãs. Há uma possibilidade [de ser vendido]. Se tiver de ficar cá, vai ficar cá. Vamos ver o que vai suceder. Não vale a pena falarmos do que entra e do que sai sem haver certezas. O futebol é isto”.