A oposição na Câmara de Braga criticou hoje a maioria pela “oportunidade perdida” de aquisição, em 2016, do edifício do Castelo, no centro da cidade, acusando-a ainda de contribuir para “um exercício muito claro de especulação imobiliária”.
Na resposta, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, disse que não teria feito “sentido nenhum” o município investir quase um milhão de euros na aquisição do edifício, afirmando ainda que o município não tem nada a ver com as decisões da imobiliária que acabou por comprar o imóvel.
“O município não é interveniente direto no processo, antes é completamente alheio a qualquer alienação e ao valor da mesma”, referiu Ricardo Rio, eleito pela coligação PSD/CDS/PPM.
Em causa está um terço do edifício do Castelo, que era propriedade da Infraestruturas de Portugal (IP) e que em 2016 foi leiloado.
Na altura, a Câmara não quis exercer o seu direito de preferência, tendo sido uma imobiliária a comprar, por 930 mil euros.
Agora, a imobiliária pôs aquela parte do Castelo à venda, por 1,85 milhões de euros.
“Perdeu-se [em 2016] uma oportunidade, seria um negócio bom para o município”, disse hoje o vereador do PS Artur Feio, durante a reunião quinzenal do executivo.
Para os socialistas, o edifício está situado “numa zona privilegiadíssima” da cidade e deveria ter sido comprado pela autarquia, designadamente para servir de espaço próprio para a Assembleia Municipal.
Também a vereadora da CDU, Bárbara Barros, aludiu a uma oportunidade perdida, sublinhando que em causa está um edifício “emblemático” e “de valor patrimonial inquestionável”.
Para Bárbara Barros, a compra do imóvel por uma imobiliária que agora o quer vender pelo dobro do valor configura “um exercício muito claro de especulação imobiliária”, facilitado pela Câmara.
“O município não fica bem nesta fotografia”, apontou.
A oposição criticou ainda o facto de, em 2019, a Câmara ter alugado, no edifício, um espaço de 500 metros quadrados, por uma renda mensal de 5.000 euros, para ali instalar, durante três anos, os laboratórios de inovação cultural, urbana e social.
O presidente da Câmara refutou, desde logo, as acusações de alegado favorecimento de uma situação de especulação imobiliária, vincando que o município “não é interveniente direto no processo”.
Ricardo Rio disse ainda que o importante é que o edifício seja recuperado, independentemente de a iniciativa ser pública ou privada.
“Se ali nascesse um hotel de charme, por exemplo, eu acharia uma excelente solução”, referiu, rejeitando a ideia de que deve ser sempre o município a chegar-se à frente quando há necessidade de recuperação de um edifício.
Sobre o aluguer de um espaço no Castelo, Rio disse que se trata de uma situação “transitória” e que o município conseguiu um arrendamento “perfeitamente competitivo”, não havendo “qualquer pagamento em excesso”.
O autarca lembrou ainda que os restantes dois terços do Castelo são propriedade da Universidade do Minho, pelo que advoga que qualquer intervenção no edifício fará mais sentido “numa lógica integrada” do que restringida à fração em causa.
“Não fazia sentido nenhum investir quase um milhão de euros na compra do edifício”, rematou.