Oposição acusa PS de ter empobrecido país, Governo critica “bolha de dramatismo”

Foto: Lusa

Os partidos da oposição acusaram hoje a maioria absoluta do PS de ter empobrecido o país e de viver “descolada da realidade”, com o Governo a acusá-los de viverem numa “bolha de dramatismo e pessimismo”.

O PCP interpelou ao Governo no plenário sobre “a degradação do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, o agravamento das desigualdades e a injusta distribuição da riqueza”.

Neste debate, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, considerou que é “da responsabilidade política” dos socialistas que haja “uma degradação da vida das pessoas” e defendeu que há “um desfasamento” entre discurso do Governo e a realidade.

“Para o Governo, tudo está melhor. Mas, se está melhor, porque é que as pessoas sentem mais dificuldades? Se está melhor, porque é que isso não tem tradução na vida das pessoas?”, perguntou, acusando o executivo de querer esconder que “não fez aquilo que era preciso ser feito, apesar de dispor de todas as condições e recursos para o fazer”.

O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou o PCP de omitir que o atual executivo teve de “combater variedades macroeconómicas” provocadas pela “agressão da Ucrânia pela Rússia”, salientando que o “principal culpado [pela inflação] vive em Moscovo” e o Governo procurou protegê-los do impacto económico da guerra.

Brilhante Dias acusou ainda os comunistas de, em 2021, terem dado a oportunidade à direita de regressar ao poder, salientando que essa direita “que corta salários” poderá agora novamente formar governo “se o PS não tiver uma grande maioria” nas eleições legislativas: “Só uma vitória do PS no dia 10 de março garante aos portugueses rendimentos, salários”, disse. 

O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, considerou que a marca deste Governo “é o empobrecimento”, uma mensagem reforçada pelo deputado social-democrata Hugo Carneiro, que acusou o PS e o executivo de viverem “descolados da realidade”.

“Tentam desvalorizar os números do empobrecimento e da pobreza, ignoram, por exemplo, que metade da população tem rendimentos declarados em IRS até 13.500 euros por mês, [o que é] muito pouco para as pessoas poderem fazer às dificuldades que têm na sua vida”, criticou. 

O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, também considerou que o PS “deixou o país à deriva, onde os alunos não têm professor a mais de uma disciplina, onde há o caos nos hospitais com 18 horas de espera”, criticando o “quadro cor de rosa” pintado pelos socialistas.

Já o deputado da IL Carlos Guimarães Pinto recuou a 2005 para salientar que, nesse ano, o salário médio líquido era de 915 euros líquidos por mês, numa altura em que se “comprava um T2 em Lisboa por menos de 100 mil euros” e o gasóleo “custava menos de um euro por litro”.

“Quase 20 anos depois, um português solteiro, sem filhos, ganha apenas mais 379 euros por mês do que ganhava em 2005”, criticou, acusando o PS de ser responsável pela “estagnação dos salários”. 

Pelo BE, o deputado José Soeiro indicou que, só nesta última semana, o cabaz básico de alimentos “subiu seis euros”, custando agora “mais do que custou alguma vez”, e, no último ano, aumentou 63 euros, mais do que o aumento de 60 euros do salário mínimo nacional.

A deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, lamentou que, esta sexta-feira, a medida do IVA Zero termine, salientando que o seu partido propôs a sua prorrogação, uma vez que “dificilmente o preço dos produtos vai baixar”.

Já o deputado único do Livre, Rui Tavares, lamentou que, muitas vezes, os partidos de esquerda se coloquem “apenas do lado da defesa e da resistência em nome do Estado social”, quando deveria igualmente defender que se está “sempre a tempo de o reinventar para o futuro”.

Em resposta a estas críticas, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, considerou que os dados da economia portuguesa são “um cemitério das projeções apocalípticas” e são “devastadores para os pessimistas, para aqueles que vivem numa espécie de bolha do dramatismo” e que “pintam a situação pior para o país”.

O ministro referiu que “há coisas que não estão bem no país”, mas “o caminho é de melhoria”, salientando que o salário mínimo aumentou 62% desde 2015, e o médio “mais de 45%”, e acrescentando que “nunca tanta gente trabalhou no país” e que o “turismo bateu em 2023 todos os recordes de receitas”.

“Não vê quem não quer ver, mas, como há muitos anos disse o escritor inglês Orson Wells, às vezes o demasiado óbvio é o mais difícil de ver”, afirmou.

 
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