A ofensiva terrestre russa na Ucrânia está a abrandar devido à falta de efetivos e ao êxito da contraofensiva ucraniana, divulgou hoje o Ministério da Defesa do Reino Unido, com base no trabalho dos Serviços de Informação.
“A Rússia sofreu, até ao dia de hoje, baixas que ascendem, provavelmente, a um terço das tropas de terra que entraram em combate em fevereiro”, publicou o Ministério de Defesa britânico no ‘Twitter’, segundo noticia a agência Efe.
O Estado Maior General do Exército da Ucrânia estimou, no sábado, que se registaram 27.200 baixas nas fileiras russas, às quais acrescentou os mais de 4.000 tanques e veículos blindados destruídos ou capturados.
Na véspera da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, a Rússia tinha concentrado mais de 100 mil soldados na fronteira ucraniana e na península anexada da Crimeia.
Os serviços de inteligência militar do Reino Unido sublinham que, “apesar dos avanços iniciais, a Rússia não foi capaz de conseguir importantes ganhos territoriais no último mês”.
Em consequência disso, a ofensiva russa na região do Donbass “perdeu força e decorre muito aquém do previsto.”
No mesmo sentido, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que “a guerra russa na Ucrânia não vai ao encontro dos planos de Moscovo, uma vez que “fracassaram no objetivo de tomar Kiev, estão a retirar-se da cidade de Kharkiv e a sua principal ofensiva no Donbass está estancada”.
“A Ucrânia pode ganhar esta guerra”, considerou hoje Jens Stoltenberg, no encerramento da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, que se realizou este fim de semana, em Berlim.
Também o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, sublinha que as imagens de numerosos blindados destruídos demonstram uma “profunda falta de estratégia e sentido tático por parte dos generais russos”.
Por seu turno, o Estado Maior ucraniano enfatizou, em comunicado, que as tropas russas se estão a reagrupar e a renovar as suas reservas de combustível e munições, de forma a poder retomar a ofensiva desde a região de Kharkiv até ao nó de comunicações da cidade de Sloviansk, em Donetsk.
O plano da Ucrânia é resistir à ofensiva final russa no Donbass, até que chegue o esperado armamento de precisão ocidental, necessário para equilibrar as forças na frente de combate.
Entretanto, a Rússia recusou-se hoje negociar a eventual libertação dos combatentes ucranianos do batalhão nacionalista Azov, que estão entrincheirados há várias semanas na siderúrgica de Azovstal, aos quais designou de “criminosos de guerra”.
“Fazer dos criminosos de guerra Azov o objeto de negociações políticas é uma blasfémia em relação à história de 1941”, quando a Alemanha nazi invadiu a União Soviética, justificou o principal negociador da Rússia, Vladimir Medinski, no Telegram, citado pela agência Efe.
A Turquia mostrou-se disponível para acolher os combatentes que se encontram na empresa siderúrgica do porto de Mariupol (mar de Azov), entre os quais haverá mais de mil feridos.
Esta semana os ex-presidentes da Ucrânia Leonid Kuchma, Victor Yúschenko e Petro Poroshenko apelaram à comunidade internacional para salvar aqueles que ainda resistem na fábrica de Azovstal, onde ainda existe um grupo de civis, disseram.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo as Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de seis milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.