Um homem de nacionalidade espanhola, acusado de ter matado a companheira em fevereiro, em Penafiel, distrito do Porto, negou hoje em tribunal a prática do crime, dizendo não saber explicar a morte que, referiu, ocorreu quando mantinham relações sexuais.
“Estou culpado de profanação de cadáver, mas não matei a minha mulher”, afirmou o arguido, no início do julgamento, no Tribunal de Penafiel, distrito do Porto, admitindo também a prática de violência doméstica, que era, acentuou, recíproca.
Os factos em julgamento, que conta com uma tradutora, ocorreram a 16 de fevereiro deste ano, na localidade de Croca, no concelho de Penafiel.
Estavam ambos na casa arrendada onde viviam quando se deitavam após jantarem num restaurante e terem passado por outro estabelecimento, onde compraram bebidas alcoólicas.
O arguido, de 41 anos e nacionalidade espanhola, que se encontra em prisão preventiva e responde em tribunal pelos crimes de homicídio, profanação de cadáver e violência doméstica, contou hoje ao coletivo de juízes que ficou assustado ao perceber que a companheira, quando ambos estavam a ter relações sexuais, ficou parada e acabou por cair da cama.
“Chamei por ela, mas ela não reagia”, disse, acrescentando que passou a noite abraçado à vítima, já morta, e no dia seguinte foi trabalhar para Guimarães.
Questionado pelo coletivo sobre a razão pela qual não pediu uma ambulância quando a companheira ficou inanimada, disse primeiro não saber “explicar ao certo”, contudo, mais à frente, admitiu que tinha medo que não acreditassem na sua versão.
O casal, que se conheceu na Galiza, Espanha, tinha um histórico de várias situações de violência doméstica, ao ponto de a vítima já ter apresentado queixa na GNR e o arguido ter passado uma noite detido por aquela força policial, tendo ali prestado declarações.
Alguns dias após o alegado crime, durante os quais o arguido não confessou aos familiares da mulher ou vizinhos o que acontecera, abandonou o corpo da companheira numa zona erma, escolhida, contou hoje, por ter sido um “sítio especial” onde ambos haviam passado várias noites.
“Eu errei e tenho de pagar por isso. Não posso voltar atrás”, afirmou.
Segundo a versão do arguido, a companheira ingeria vários medicamentos, por prescrição médica, era toxicodependente (cocaína), alcoólica e não trabalhava.
Tê-lo-á traído várias vezes com outros homens, uma das quais dando origem a uma gravidez, contou ao tribunal.
O arguido disse ter abandonado o consumo de drogas há cerca de 10 anos, mas admitiu o consumo de bebidas alcoólicas.
Em Andorra, onde ambos tinham estado, em novembro de 2020, já tinha ocorrido uma situação de violência, que o próprio hoje admitiu, e que obrigou a vítima a tratamento hospitalar.
O julgamento vai prosseguir nos próximos dias, estando previsto ouvir as declarações que a vítima fez, para memória futura, quando apresentou queixa na GNR.