Declarações após o jogo Gil Vicente-Sporting (3-1), da 12.ª jornada da I Liga de futebol, disputado hoje no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos:
Vítor Oliveira (treinador do Gil Vicente): “Uma vitória muito importante contra uma equipa de topo. Fomos muito fortes em termos defensivos e o Sporting não teve grandes situações.
Na primeira parte, tivemos três ou quatro saídas sem grande aproveitamento, mas, na segunda, tivemos mais três boas saídas e duas delas resultaram em golos. Tivemos uma eficácia muito grande, sentido coletivo e entreajuda, pelo que fomos um justo vencedor.
(Gil talhado para defrontar os ‘grandes’?) Não diria isso, mas com uma estrutura bem montada num bloco baixo e com saídas rápidas, as equipas médias do campeonato conseguem contrariar os ‘grandes’, acontecendo por vezes surpresas. Entre equipas da mesma igualha, a responsabilidade passa para o clube visitado, o emblema de fora reduz espaços e torna muito mais complicado o processo ofensivo de quem joga em casa.
(Sonhar com objetivos maiores?) Claro que não. Temos a noção exata de que haverá campeonato até ao fim. Neste momento estamos numa posição cómoda, mas sabemos que o campeonato está bipartido há muitos anos.
A única diferença é que normalmente tínhamos três candidatos ao título e agora temos dois, o FC Porto e o Benfica. O nível não é alto, mas a disputa pelos pontos é elevadíssima.
Todos que estão dentro desta casa têm consciência de que este ano é fundamental para o Gil Vicente. Há que ter os pés bem assentes no chão, porque ainda falta muito campeonato.
Sendo frontal, o plantel do Sporting fica muito longe dos planteis do FC Porto e do Benfica. Tem alguns bons jogadores, mas não muitos. Depois do que aconteceu na Academia, o clube vai demorar três ou quatro anos para se recompor e com estes resultados ainda demora mais.
Para ter melhores resultados, o Sporting precisa de melhores jogadores. Pode andar aí a mudar de treinador e de presidente, mas necessita de um plantel mais reforçado. Há 15 dias, o Sporting era uma equipa fraca. Ganhou ao PSV e já era fantástica.”
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Jorge Silas (treinador do Sporting): “Uma derrota é sempre penalizadora e até ao segundo golo tínhamos o jogo controlado. O primeiro golo é uma oferta nossa, que não pode acontecer a este nível. Levantámo-nos desse erro crasso, mas cometemos novo erro e sentiu-se muito a instabilidade emocional que reina nesta equipa desde o início da temporada.
Custa-nos muito reagir à adversidade, mas não podemos ser equipa só quando estamos a ganhar. Depois fica mais difícil dar a volta aos jogos. O nosso desafio é conseguir fazer com que um golo não nos mande abaixo da maneira como nos mandou.
Tem muito a ver com o cansaço físico e psicológico, que dá pouco tempo para recuperar e preparar os jogos. Tivemos muito controlo do jogo, mas podíamos e devíamos ter sido mais efetivos nas oportunidades. A partir do minuto oito da segunda parte deixámos de fazer aquilo que tínhamos combinado. Cada um passou a jogar à sua maneira e não há equipa que resista.
Gostava de dizer que íamos ganhar os jogos todos até ao final, mas eu próprio não espero jogos como o de hoje. Cometemos erros em lances aparentemente inofensivos e sofrer golos cridos por nós fica mais difícil de explicar.
Como se trabalha a capacidade de reação? Não é fácil, mas acho que se trabalha com vídeos e com muita bola. A bola dá-nos muito equilíbrio, mas quando começamos a ficar desequilibrados deixamos de ter bola e perdemos imensos espaços. Isso cria ainda mais apupos, desconcentração e instabilidade emocional. Depois tem a ver com a experiência dos jogadores e se calhar precisamos de pensar nisso.”