O português de Camões, o português de Portugal, o português que inspirou tantos outros idiomas do português, vê-se agora a contas com uma lei que impõe um português universal que não é o português de Portugal.
É tanta a trapalhada que no fim até rima.
Somos um País de leis e legisladores que fazem leis para servir esse País das leis e dos legisladores. Toda a contundente reação que a sociedade civil está a apresentar ao novo acordo ortográfico só demonstra o quão afastados estão os legisladores da realidade e do querer da sociedade.
Esta vai ser uma lei que dificilmente encontrará implementação. A língua é um elementar atributo de identidade nacional. A nossa língua fundadora de tantas culturas pelo mundo fora, é uma marca dos Povos, dos tempos desses Povos. Não é uma marca de leis ou legisladores.
A informalidade do português não é passível de formalizar com a informalidade artificial de dialética legisladora. Cada vez mais se valorizam expressões que o passado acaba por recordar porque o poder das palavras é intemporal e eterno.
Não perceber isso resulta em asneirada legisladora como é este caso. Um caso bastante elucidativo do papel inócuo do legislador atual na sociedade deste tempo.
Passamos assim para uma nova fase da vida do português, uma fase em que o mau português vai querer impôr ao bom português tudo aquilo que o bom não pediu. E assim se escreve em mau português.