O presidente do CDS-PP apelou hoje ao bom senso nas negociações para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) o que para Nuno Melo significa que “todos têm de ceder, sem esquecer a vontade do eleitorado”.
“É desejável um compromisso para o país ter orçamento, para o país ter estabilidade. Mas tem de haver bom senso, o que significa que todos têm de ceder, sem esquecer a vontade do eleitorado”, afirmou Nuno Melo em Ponte de Lima, durante a ‘rentrée’ política do partido.
Nuno Melo garantiu que o Governo PSD/CDS-PP “já mostrou que está aberto a negociar”, e apelou “ao sentido de responsabilidade da oposição”, porque os “portugueses estão cansados de eleições e querem estabilidade, e isso passa pela aprovação do Orçamento do Estado”, afirmou perante mais de 500 pessoas que assistiram à ‘rentrée’ do partido, que se prolongou durante mais de duas horas.
O também ministro da Defesa, Nuno Melo, colocou e respondeu a cinco perguntas sobre o impacto da não aprovação do OE2025.
A primeira foi dirigida aos eleitores que votaram no Chega.
“Qual a utilidade de um partido que, não havendo maioria absoluta, podendo influenciar o orçamento do Estado prefere a contestação vazia e muda de opinião todos os dias?”, questionou.
A questão seguinte destinou-se ao PS, “que perdeu as eleições e a maioria absoluta há menos de seis meses”.
Nuno Melo disse que “é legítimo que o PS tenha as suas posições e que faça as suas propostas”, mas, questionou: “Será razoável que as suas condições sejam tão maximalistas, por exemplo na questão do IRC e do IRS, que, levadas à letra, obrigariam quem ganhou a fazer a política de quem perdeu?”.
O dirigente centrista adiantou “não fazer sentido deitar fora todo o esforço” que o Governo desenvolveu para “resolver uma série de problemas que o PS deixou agravar durante vários anos, por razão de mero sectarismo partidário”, apontando o caso dos professores, forças de segurança e militares.
“Por isso, apelo ao respeito pelas empresas, pelas pessoas e pelas famílias”, frisou, durante um discurso de cerca de meia hora.
O líder do CDS-PP destacou ainda a importância de “Portugal executar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para não perder um “financiamento de muitíssimos milhões de euros, que é único e que não é repetível”.
“Se as oposições deixarem o país sem orçamento responsabilizam-se pela parcela de PRR que perderemos, que ficará adiada e que provavelmente nunca mais poderá ser utilizada?”, perguntou.
“Tenho a certeza que o Governo, desde logo, seguramente, o CDS, se por absurdo que não quero conceber o Orçamento de Estado for reprovado, estará aqui para exigir essa responsabilidade a quem não está disponível para cumprir a vontade dos portugueses”, apontou.
Nuno Melo garantiu que o CDS-PP regressou à cena política nacional e que fará “frente” à extrema-esquerda e “populismos radicais que se dizem de direita”, porque fazem política “espalhando ódios e ressentimentos”.
“Recusamos essa forma de fazer política que vira portugueses contra portugueses”, garantiu.
Para Nuno Melo, o “CDS é um partido leal no Governo, do lado do PSD, na coligação da AD, liderada por Luís Montenegro”, mas que “não se dilui nessa coligação”.
“O CDS tem uma marca d’água, tem uma vida própria, tem uma linha que é sua que acrescenta, que não se dilui, com todo o respeito, com toda a lealdade, porque ajuda, junto com o PSD, a resolver os problemas das pessoas e a liderar o destino de Portugal”, afirmou.
No discurso, em Ponte de Lima, “talismã e exemplo” do partido no país, Nuno Melo disse ainda que CDS “cumpriu todos os desafios eleitorais” que se colocaram até agora e que nas eleições autárquicas de 2025 a “ambição” é “consolidar e crescer”.
Em Ponte de Lima, onde o CDS lidera a Câmara Municipal, desde 1977 e que é também a ‘capital’ das concertinas, Nuno Melo foi recebido com cantares ao desafio e versos feitos à medida do líder centrista.
Na ‘rentrée’ do CDS discursaram ainda Telmo Correia, vice-presidente do partido e secretário de Estado da Administração Interna, Paulo Núncio, líder parlamentar do partido, Francisco Camacho da Juventude Popular (JP), o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, e o líder da distrital, Paulo Sousa.
Durante a sessão, foi projetado no ecrã do auditório Rio Lima, um vídeo com mensagens gravadas de Manuel Monteiro, José Ribeiro e Castro, Paulo Portas e Assunção Cristas.