Nunca se leu tanto, mas é preciso ler melhor

Tiago Brandão Rodrigues durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2015, em que foi cabeça de lista do PS no distrito de Viana do Castelo. Foto/Arquivo

Tiago Brandão Rodrigues, o ministro da Educação de Paredes de Coura, foi sexta-feira a Nelas, distrito de Viseu, assinalar a Semana da Leitura, e deixou o desejo de se “ler melhor e mais profundamente”, num evento onde foi “autuado” por “leitores do fraque”.

“Temos que ler mais, melhor e mais profundamente”, defendeu, na Elos – Festa Literária de Nelas, este ano subordinada ao tema “Terra Queimada, Palavra Semeada”.

Segundo o governante do Alto Minho, “nunca se leu tanto”, seja crónicas ou notícias de jornais, no entanto “nunca se leu tão pouco profundamente”.

“É preciso voltar a dedicarmo-nos aos clássicos, tendo sempre a abertura para os novos formatos e para novas leituras, mas nunca esquecendo as crónicas romanceadas do Aquilino [Ribeiro, escritor natural da região] ou outras aventuras e sagas que temos nesta região, no país e na literatura mundial”, defendeu Tiago Brandão Rodrigues, considerando que tem de se encarar as bibliotecas como “locais de trabalho, locais de prazer, locais de discussão”.

“Esta Semana [da Leitura] diz, de forma importante, para libertarmos o leitor ou a leitora que há em cada um de nós. Mas o grande desafio é ir mais longe, é poder desempoeirar e libertar os livros que existem nas nossas bibliotecas, naquele café onde há uma estante com livros, ou nas bibliotecas que temos na nossa casa. É preciso libertar os livros desse incómodo de estarem parados, se calhar há muito tempo, sem uso”, vincou durante um breve discurso.

Durante a participação na Festa Literária de Nelas, para além de assistir a atuações do grupo de teatro e de música do agrupamento local, Tiago Brandão Rodrigues ainda foi “autuado”.

À chegada ao edifício multiusos de Nelas, o ministro da Educação foi recebido por dois homens, que vestiam de forma irrepreensível um fraque com chapéu alto.

“São da oposição?”, perguntou o governante.

Não eram. “Somos os leitores do fraque – cobramos leituras para quem está em dívida com os livros e a leitura”, explicaram Roger Bento e André Ferreira.

Perante a informação, Tiago Brandão Rodrigues esclareceu que tem a leitura “quase sempre em dia”, mas assegurou que tem “um crédito da infância que vocês nem imaginam”.

No entanto, antes da resposta já recebia a “fatura” – dois poemas de Fernando Guimarães e de Sophia de Mello Breyner que teria de ler durante “oito dias, três vezes por dia”.

“Fui autuado duas vezes por eles, independentemente do que tenho vindo a ler nos últimos tempos. São verdadeiros cobradores do fraque, porque atuam primeiro e só depois é que perguntam”, frisou o governante.

Antes de se deslocar ao Centro Escolar de Nelas, Tiago Brandão Rodrigues ainda foi convidado a plantar um livro que tinha sementes no papel.

“A leitura é a ferramenta absolutamente primeira para fomentar o acesso a todos os cidadãos – e desde a mais tenra idade – à pluralidade do conhecimento e à infinita riqueza da cultura”, escreveu o governante no livro.

 
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