O número de empresários detidos hoje no Norte, no âmbito da Operação Apate, por suspeitas de crimes como burla tributária e fraude contra a Segurança Social aumentou de 11 para 12, podendo ser “ainda maior”, revelou a PJ.
Esta manhã, a PJ/Porto avançou que havia detido 11 pessoas, mas esta tarde, em conferência de imprensa, explicou que esse número já havia subido para 12, sendo “expectável” que nos próximos dias vinha ainda a ser superior.
“Há mais pessoas envolvidas neste esquema fraudulento, a investigação não está fechada. Aliás, há arguidos não detidos”, revelou o coordenador de investigação criminal na área do crime económico na PJ/Porto, Henrique Correia.
O coordenador explicou que “tendo em conta o número de sociedades e empresários em nome individual” envolvidos neste esquema é “muito expectável” que o número de detidos seja engrossado.
Além do número de detidos, o que também deverá “seguramente” aumentar, após a análise dos documentos apreendidos, é o valor em que o Estado terá sido lesado, devendo ser “bem superior” aos cerca de dois milhões de euros já anunciados, salientou.
Henrique Correia contou que o processo de inquérito começou em 2017, após uma ação inspetiva da Autoridade Tributária – Direção de Finanças do Porto que detetou uma “série de irregularidades”, dando origem a um inquérito cuja competência foi delegada e desenvolvida pela PJ.
Posteriormente, acrescentou, a investigação em curso, dado ainda não ter terminado, centrou-se nos anos de 2016 e 2018.
Dizendo não poder dar uma “série de dados”, pelo facto de o processo estar em segredo de justiça, Henrique Correia adiantou que entre os detidos há arguidos, sem quantificar, com antecedentes criminais pela prática de crimes da mesma natureza.
Depois de já terem sido apreendidas viaturas, o coordenador de investigação criminal assumiu que a PJ poderá vir a “recuperar imóveis”.
Já quanto ao ramo de atividade dos detidos, Henrique Correia salientou que são essencialmente ligadas à área da contabilidade e auditoria.
Questionado pelos jornalistas sobre se há detidos a trabalhar nas Finanças, Henrique Correia recusou responder, dizendo “não poder dizer”.
Sobre o esquema, o coordenador explicou que era “elaborado e articulado” com um líder que tinha uma ação “mais evidente”, seguindo-se depois testas de ferro que atuavam sob as suas ordens.
As 12 detenções – oito homens e quatro mulheres com idades entre os 25 e 55 anos – aconteceram no decurso de cerca de 40 buscas domiciliárias e não domiciliárias realizadas nos concelhos de Paços de Ferreira, Paredes, Porto, Vila Nova de Gaia, Santo Tirso, Guimarães, Maia, Marco de Canaveses e Felgueiras.
os detidos são suspeitos dos crimes de associação criminosa, branqueamento, falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada, burla tributária e fraude contra a Segurança Social.
A Operação Apate iniciou-se na terça-feira ao final da tarde e envolveu mais de 120 elementos, entre inspetores da PJ e Finanças, tendo havido necessidade de recorrer a peritos informáticos e contabilísticos, frisou o coordenador.
A título de curiosidade, Henrique Correia esclareceu que o nome ‘Apate’ foi escolhido com base na mitologia grega onde era um espírito que representava a fraude.