Seis depois, o processo de insolvência de duas empresas do grupo económico da construtora FDO, de Braga, continua em curso no tribunal cível local. A dívida de todas as firmas do grupo era, em 2012, de 220 milhões de euros.
Ao que o O MINHO soube de fonte judicial, a insolvência da empresa FDO-Construções está na fase de reclamação de créditos, enquanto que a da FDO-Imobiliária se encontra em fase de recurso no Tribunal da Relação de Guimarães. No primeiro caso, a firma tem vários milhões em dívida e poucos créditos, em dinheiro e em bens, pelo que os credores pouco vão receber, na fase de rateio. Já a FDO-Imobiliária deve algumas dezenas de milhões, mas tem, ainda, diversos bens imobiliários, nomeadamente apartamentos, o que dá garantias de que os credores podem vir a receber uma parte do que a empresa lhes deve.
O processo encontra-se pendente de um recurso dos credores, que não concordaram com a lista que saiu da reclamação de créditos. Aguarda-se a decisão da Relação.
Em 2012, e face às dificuldades surgidas após a crise financeira mundial e nacional, a FDO anunciou que iria apresentar um pedido de insolvência, acompanhado de um plano de recuperação. Os credores decidiram-se pela falência não viabilizando a empresa.
Com salários em atraso, a construtora de Braga tinha as obras paradas devido à greve dos seus 400 trabalhadores, sofrendo com o corte dos fornecimentos dos fornecedores. Neste quadro, a própria administração tomou a iniciativa de entregar no tribunal um processo especial de recuperação.
O passivo da FDO- Construções rondava, então, os 130 milhões e a dívida a fornecedores estava nos 80 milhões. Dezasseis fornecedores já tinham apresentado pedidos de insolvência. Nuns casos os pedidos foram retirados, depois de acordos com a empresa. Os restantes não tinham ainda sido apreciados pelo tribunal.
Na última fase de vida, a construtora adotara uma política desesperada de preços, na tentativa de obter a liquidez que a banca lhe negara para manter a atividade. A falência arrastou a liquidação de dezenas de sub-empreiteiros e fornecedores.
A aterragem violenta do sector da construção tornou-se inevitável pelo efeito conjugado da política restritiva da banca com a queda abrupta do mercado de obras públicas e residenciais.