A Associação Galega de Atividades Náuticas (AGAN+) lançou, na passada quarta-feira, um novo pacote turístico cultural pelas rias de Vigo, onde se incluem duas rotas de turismo náutico que passam por Viana do Castelo.
Na última edição da FITUR, feira internacional de turismo de Madrid, a responsável pelo Turismo da Galiza apresentou as viagens em mini cruzeiros pelas rias galegas, de forma a conhecer o legado fenício na Galiza e a rota no Atlântico.
A partir deste ano, as rotas, feitas em veleiros, são percorridas em três opções temporais distintas: seis, dois ou um dia de duração, pelas rias de Vigo, Arousa e Pontevedra, assumindo a presença no Alto Minho, ainda durante este ano.
Contactado por O MINHO, Manuel Soliño, presidente da AGAN+, avança que as duas novas rotas estão ainda por apresentar à autarquia do Alto Minho, estando essa iniciativa prevista para o mês de fevereiro.
De índole cultural, as rotas serão navegadas com recurso a três veleiros, com capacidade para 25 pessoas no total [máximo de 12 em cada embarcação] e pretendem recordar as rotas de comércio estabelecidas pelos fenícios, quando efetuavam trocas com a população ibérica pré-romana que habitava Galiza e Norte de Portugal.
“A primeira rota que poderá chegar a Portugal é a dos fenícios. Parte em Bouzas, na ria de Vigo, passa pelas Ilhas Cies, com escala em Baiona, para chegar a Viana do Castelo ao final da tarde”, aponta.
Para assegurar uma melhor experiência, explica que o “ideal para essa rota seria criar um ponto de paragem em Vila Praia de Âncora, mas não é um local com caudal mínimo para que veleiros entrem em segurança”, diz. A Guarda, ainda no lado de lá da fronteira, poderá ser opção para substituir a praia ancorense.
A segunda rota é a Jacobea e faz o percurso inverso, com partida do porto de Viana do Castelo. Uma espécie de Caminho de Santiago via mar: “Há procura pela rota jacobea, para peregrinos marítimos que podem alcançar a compostela marítima”.
Manuel Soliño explica que estas rotas não serão como as habituais que percorrem as rias de Vigo, protegidas da instabilidade do Atlântico.
“Estas [rotas] que ligam Portugal são para pessoas que estão dispostas a sair da proteção das rias. Muitos turistas que navegam pela primeira vez junto à costa marítima podem assustar-se, por isso terá de ser para quem realmente quer ter esta experiência”, sublinha.
O responsável fala ainda de uma terceira rota [dos víquingues] a ser partilhada com Portugal, mas “não é para já”.
O passo seguinte passa por apresentar o projeto à Câmara e à administração do Porto de Viana do Castelo, “entidades que têm interesse na parceria”.
“Eles estão receptivos, só falta fazermos a apresentação técnica das rotas e avançar com o projeto”, garante.
Local de eleição do turismo náutico cultural do sul da Europa
O objetivo deste tipo de iniciativas da associação galega passa pela promoção do turismo e atividade náutica na Galiza. “Também trabalhamos com a CIM Alto Minho, pelo que podemos fazer da Galiza e do Alto Minho o novo local de eleição do turismo náutico cultural em todo o Sul da Europa”.
“As rotas mediterrânicas estão mais associadas a festas e lazer. As nossas são baseadas em pontos estatégicos que revelam a cultura e o nosso passado”, assume.
A AGAN+ é uma associação sem fins lucrativos constituída por diversas entidades e empresas relacionadas com a atividade náutica, desde o turismo à indústria. Nascida em 1999, pretende promover e ajudar a desenvolver a atividade náutica na Galiza. Apontam, para o futuro, uma possível entrada de membros portugueses na associação.