Mário Constantino, 57 anos, é pela segunda vez consecutiva o candidato do PSD à Câmara de Barcelos, desta vez numa coligação inédita que, além do CDS, inclui o movimento independente Barcelos, Terra de Futuro, fundado pelo ex-vice-presidente da Câmara socialista, Domingos Pereira, seu número dois na lista.
Professor de Educação Física e licenciado em Direito, o atual vereador social-democrata não considera que a Coligação Barcelos Mais Futuro seja “uma novidade” como outros movimentos que surgiram nestas eleições, e defende que estas forças políticas unirem-se é um “aspeto positivo para a governação do Município”. E mostra que “a grande maioria das pessoas está descontente com a atual gestão autárquica”.
Vereador com vários pelouros e vice-presidente da Câmara, entre 1997 e 2005, Mário Constantino classifica de “desastroso” o ciclo de poder socialista, “em especial nos últimos quatro anos”. “A gestão autárquica do atual executivo ficou marcada pelo imobilismo”, reforça.
Relativamente ao problema da água, promete negociar e chegar a um acordo que “seja menos penalizador para os barcelenses”, deixando uma garantia: “Nós não vamos ficar 12 anos a culpar os nossos antecessores, sem nada fazer para resolver os problemas”.
Quanto ao novo hospital, assegura que a coligação saberá “fazer pressão para que seja uma realidade”. Quer “colocar a economia ao serviço das pessoas e como motor do desenvolvimento” e potencializar o rio Cávado, que “é um dos grandes tesouros do nosso concelho que está, infelizmente, muito mal aproveitado”.
Com as próximas eleições autárquicas fecha-se um ciclo de 12 anos da presidência Miguel Costa Gomes/PS. Que balanço faz desta gestão autárquica?
Foi um ciclo político desastroso, em especial nos últimos quatro anos. A gestão autárquica do atual executivo ficou marcada pelo imobilismo e pela falta de soluções para resolver os problemas mais urgentes dos barcelenses. Foi também para romper com esta má gestão autárquica que nos unimos na Coligação Barcelos Mais Futuro, seguros de que podemos inverter esta tendência e colocar Barcelos no caminho do desenvolvimento. O nosso concelho merece muito mais do que aquilo que teve nos últimos anos e, se os barcelenses confiarem em nós, estou seguro de que isso será possível.
Como avalia a gestão política da questão das Águas de Barcelos e qual o modelo que defende para a sua resolução?
É um tema que acaba por estar muito ligado à primeira pergunta e à falta de gestão autárquica do atual executivo. Nós não vamos ficar 12 anos a culpar os nossos antecessores, sem nada fazer para resolver os problemas. Vamos procurar um acordo que envolva todas as partes e que seja menos penalizador para os barcelenses. Porque temos de assumir que quando as coisas estão mal, temos o dever de as corrigir. Temos assimetrias inaceitáveis ao nível do acesso a saneamento em várias zonas do nosso concelho, algumas das quais têm rede instalada e que não foi usada nos últimos 12 anos. É evidente que quando for para utilizar esta rede ela vai estar degradada. Depois há a questão da ETAR de Areias de Vilar, que está completamente abandonada e na qual foi feito um investimento de 2 milhões de euros. Isto quando continuam a existir descargas a céu abeto para o rio Cávado. A questão das águas será, sem dúvida, uma prioridade.
Relativamente ao novo Hospital de Barcelos, como acha que o executivo municipal geriu o processo e, caso seja eleito, o que pretende fazer para que este seja uma realidade?
Não se pode dizer que o executivo municipal tenha gerido este processo quando nada fez para tornar o novo Hospital de Barcelos uma realidade. Em primeiro lugar, a Câmara tem de adquirir os terrenos para a sua construção. Há um acordo de parceria, de 2008, que deve ser recuperado e cumprido. Este acordo impõe condições à Câmara Municipal e ao Ministério da Saúde, pelo que cada parte tem o seu papel a desempenhar. No último domingo, o atual presidente da Câmara pediu publicamente ao primeiro-ministro que se comprometesse com a construção do novo hospital e viu o seu pedido ignorado. Nós sabemos que não é assim que se fazem as coisas. Connosco à frente do Município os barcelenses podem ter a certeza de que cumpriremos o que à Câmara diz respeito e que saberemos fazer de pressão para que o novo Hospital seja uma realidade.
Nestas eleições autárquicas há três novidades: a Coligação PSD/CDS/BTF, o Chega e um candidato dissidente do PS. Que leitura faz deste novo cenário político na cidade e o que de bom ou mau considera que pode trazer para a Governação da Câmara?
Não considero a Coligação PSD/CDS/BTF uma novidade, a par de outros novos movimentos que surgiram. O que é novidade com esta Coligação tem mais a ver com a forma como estas forças políticas, que os barcelenses já conhecem, se tenham unido num projeto comum. Isso é, naturalmente, um aspeto positivo para a governação do
Município. Significa, por um lado, que foram encontrados consensos e que os problemas do concelho foram amplamente discutidos, tendo sido encontradas as melhores soluções. Por outro lado, esta união também significa que a grande maioria das pessoas está descontente com a atual gestão autárquica. Esta Coligação não é uma novidade, mas antes a única alternativa credível para inverter os destinos do nosso concelho.
Quais são as prioridades da sua candidatura para Barcelos?
Além da resolução dos problemas mais urgentes e que já foram aqui abordados, na Coligação Barcelos Mais Futuro temos uma ideia clara do que queremos fazer pelo nosso concelho. Em primeiro lugar vêm as pessoas, com medidas dedicadas aos mais jovens, mas também aos idosos. Nos últimos 12 anos, Barcelos perdeu 4,5% da sua população. Para que seja possível tornar o nosso concelho mais atrativo, temos como grande prioridade colocar a economia ao serviço das pessoas e como motor do desenvolvimento. Somos um concelho de gente empreendedora e trabalhadora.
Temos de aproveitar a nossa indústria, a nossa agricultura e estar à altura dos nossos empresários. Em vários níveis, quer se trate do licenciamento ou da captação de investimento, o que não tem acontecido.
Outra grande questão tem a ver com a mobilidade no nosso concelho, especialmente em três níveis. O fecho da circular urbana, a eliminação das passagens de nível e a questão dos transportes. Estes três pontos constituem um grave problema de mobilidade e têm consequências graves para as pessoas e para a competitividade das nossas empresas.
Quais as potencialidades de Barcelos que gostaria de ver mais exploradas?
Uma das grandes potencialidades que tenho defendido incansavelmente ao longo desta campanha tem a ver com o nosso Rio. É, de facto, um dos grandes tesouros do nosso concelho que está, infelizmente, muito mal aproveitado. Seja na questão da ausência de uma frente ribeirinha, que tarda em ser edificada, seja para aproveitamento turístico e desportivo, seja ao nível das questões ambientais. Barcelos não pode continuar de costas voltadas para o rio. É por essa razão que apresentámos no nosso programa medidas que se destinam a tirar maior rendimento do potencial
do nosso rio. Na criação de ecopraias fluviais, de passadiços e trilhos que permitam às pessoas mais contacto com o Rio, bem como na arborização das margens, favorecendo a biodiversidade vegetal e animal. No que diz respeito ao centro urbano, vamos concluir a Frente Ribeirinha e dar ao rio um novo protagonismo para a nossa cidade.