Os lares de idosos são um dos maiores pontos de risco nesta fase da pandemia de covid-19, como tem vindo a alertar a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Em Braga, à semelhança do resto do país, há funcionárias a cumprir quarentena dentro das próprias instituições, muitas delas a tratar de idosos infetados pelo novo coronavírus.
O alerta é deixado por Altino Bessa, vereador da Câmara de Braga com o pelouro da proteção civil, referindo que há “lares em Braga que vivem situações dramáticas”.
“Neste momento, temos de ser solidários e olhar à nossa volta, ver as situações dramáticas que vivem os lares, onde existem funcionários a tratar de doentes infetados, que estão confinados aquele espaço 24 horas por dia, sete dias por semana”, expõe o vereador.
“Alguns dormem no chão, exaustos e cheios de medo, porque estão em contacto permanente com pessoas infetadas”, denuncia.
A autarquia tinha-se disponibilizado para pagar os testes (custam cerca de 100 euros cada um) a todos os utentes e funcionários dos lares de idosos em Braga, mas tal não tem sido possível, como explica o responsável.
“Temos cerca de 150 testes disponíveis por dia, mas apenas 20 a 30% é da responsabilidade da autarquia, o que dá um número muito curto de disponibilidade”, conta.
Altino Bessa admite que, neste momento, não se está a conseguir fazer testes em todos os lares, embora já tenham sido feitos em locais apontados como de risco.
Temos casas a arder
O vereador revela que existem “casas a arder”, com vários utentes infetados, já com mortes contabilizadas e com funcionários e direções exaustas sem saber muito bem o que vai acontecer.
“Estamos a tentar fazer onde há casas a arder. Ainda ontem não havia zaragatoas num lar que está a viver momentos terríveis. Há familiares que veem os seus pais e avós lá dentro e não podem fazer nada, os próprios idosos, isolados 24 horas dentro de um quarto, os funcionários… tudo isto é de um drama enorme”, acentua.
“Queremos fazer testes, o maior número possível, mas não há para toda a gente. Isto é a nível nacional. Não é só em Braga. Não há testes. Temos que priorizar com indicações da DGS”, assume.
ARS Norte deve indicar os grupos prioritários
Altino Bessa defende que o Governo e as autoridades de saúde devem apontar os grupos prioritários para se realizar este tipo de testes. “Não são só os lares, também os profissionais de saúde, os bombeiros e as polícias devem ser prioridade”, assume.
“O que defendo é que, neste momento, temos lares que estão em pânico a trabalhar com doentes infetados, com doentes que não sabem se estão infetados, funcionários que não sabem se estão infetados, a ter que dar os cuidados básicos de saúde, de higiene, mudar fraldas, e não conseguem fazer exames para saber se estão ou não com o vírus”, realça.
Pede ao Governo que “priorize” quem está “na linha da frente” no combate à pandemia, e para direcionar os testes “para os que são mais frágeis e os que estão a tratar dos mais frágeis”.