A “eficácia” do projeto do 112 transfronteiriço está na origem da uma nova candidatura a apresentar pelo Norte de Portugal e pela Galiza a fundos comunitários para permitir o “reforço” da cooperação dos dois países em matéria de emergência.
“A eficácia é o maior indiciador para mostrar que o projeto é um projeto de sucesso, que esse sucesso cria-nos ambição e motiva-nos a fazer uma nova edição mais reforçada, com mais parceiros, e com orçamento mais reforçado”, afirmou esta sexta o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Neves.
O ARIEM- 112, que abrange três regiões, Norte de Portugal, Galiza e Castela Leão, e uma população de quase 572 mil pessoas, representou, nesta primeira edição um investimento de 2,8 milhões de euros. Do lado português o projeto envolve a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), o Instituto de Emergência Médica (INEM) e a PSP.
Carlos Neves adiantou estar a ser preparada uma candidatura para uma nova edição do ARIEM-112, também para três anos, a apresentar até 18 de dezembro ao POCTEP (Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal), no montante de mais de três milhões de euros, e com novos parceiros.
“Do lado português vão ser envolvidas a GNR e a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho”, explicou.
Para aquele responsável, a primeira edição do projeto de Assistência Recíproca Inter-regional em matéria de Emergências (ARIEM-112), que hoje terminou, resultou na criação “uma estratégia concertada de emergência e proteção civil nas zonas de fronteira”.
“Não foi um projeto que se limitou às questões imateriais mas sobretudo a questões práticas de benefício para as populações. Esse é que é o melhor indicador, que é o indicador de impacto, quando beneficiamos os cidadãos, com questões concretas, resolvendo os problemas das pessoas”, sustentou.
Carlos Neves, que falava à margem da sessão de encerramento do projeto, realizada esta sexta na sede da CCDR-N na presença do vice-presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, adiantou que nos três anos desta primeira edição, o ARIEM-112 foi acionado em cinco ocorrências registadas em 2014 e 2015, nos dois lados da fronteira, sendo que dois casos foram incêndios, florestal e industrial, e três situações de busca e salvamento no rio Minho.
“Neste momento, qualquer acontecimento que ocorra na zona de fronteira, não importa se é do lado espanhol ou português, avança primeiro quem estiver mais preparado, e com os equipamentos adequados. Porque na emergência a rapidez é decisiva”, explicou.
As autoridades portuguesas envolvidas no 112 transfronteiriço foram dotadas de 732 adaptadores de conexão para mangueiras de incêndio, uma vez que as que existiam eram incompatíveis com as do lado espanhol, 4450 detetores de incêndios domésticos, 332 terminais de comunicações móveis de emergência TETRA, uma câmara de visão térmica e 55 equipamentos de respiração autónomos para bombeiros.
Segundo Carlos Neves foram ainda realizado “um conjunto alargado de formação, quatro simulacros para testar a capacidade de resposta simultânea nos dois lados da fronteira, e celebrados acordos e pactos de ajuda mútua para articular a intervenção das várias entidades existentes nos dois lados da fronteira na área de emergências”.
O responsável da CCDR-N realçou ainda que o ARIEM-112 “foi reconhecido pela Comissão Europeia como sendo um projeto de sucesso e uma boa prática de cooperação transfronteiriça”, a replicar noutras zonas de fronteira.
“O sucesso deste projeto poder motivar outras regiões, como o Alentejo e o Algarve, a seguir o exemplo”, apontou.