O recém-eleito presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, disse hoje que a região deu um sinal inequívoco de maturidade e vontade de mudança, afirmando ser estimulante ter alcançado 72% dos votos.
O ex-reitor da Universidade do Minho e candidato único foi eleito na terça-feira presidente da CCDR-N, tendo até às 24:00 sido escolhido por 2.112 dos 4.091 eleitores inscritos.
De acordo com os dados provisórios às 24:00 divulgados pela Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), e que excluem a informação de 11 mesas eleitorais, votaram 2.932 autarcas, tendo-se registado 684 votos brancos, 126 nulos e 2.112 votos a favor.
“A legitimação regional que recebi dá mais força e mais independência ao exercício do meu mandato de presidente da CCDR-N. Serei um intérprete responsável dessa legitimação”, referiu António Cunha numa resposta à Lusa, numa primeira reação aos resultados conhecidos.
Assinalando que os resultados expressos superam, em participação, os 70% do colégio eleitoral, o que considerou “assinalável”, António Cunha mostrou-se satisfeito com a votação na sua candidatura, que reuniu cerca de 72% dos votos.
“É muito estimulante”, salientou, acrescentando que “a região deu um sinal inequívoco de maturidade, de afirmação e de vontade de mudança”.
No seu entender, o ato eleitoral de terça-feira representa uma viragem positiva, marcando uma nova etapa, com um “desenvolvimento mais participado e democrático, mais ambicioso e sustentável da região Norte”, que tem aqui uma afirmação “da sua consciência coletiva e da sua voz no país e no espaço inter-regional ibérico”.
Para o ex-reitor da Universidade do Minho, começa agora uma nova fase “complexa e decisiva no futuro da região”, com muitos desafios e pouco tempo para os concretizar.
“O presente e o futuro estão cheios de oportunidades – tanto no atual ciclo de instrumentos de financiamento comunitário, como naquele que se avizinha -, mas também de incertezas, atrasos e questões por esclarecer. Nesse contexto exigente, a CCDR-N terá de reencontrar-se com a sua melhor tradição de planeamento estratégico e de gestão proativa e exigente”, assinalou o dirigente.
E acrescentou: “O Norte é, quer ser e tem de ser uma região motora e uma região liderante, para bem de si mesma e para o bem de Portugal.”
Enquanto candidato, António Cunha defendeu que a região Norte precisa que a sua CCDR seja de novo uma referência estratégica, capaz de responder de forma competente e oportuna a diferentes agendas.
No manifesto da sua candidatura, o novo presidente da CCDR-N defende que a ambição deve estar para além da Política de Coesão e do Instrumento de Recuperação e Resiliência (IRR), mobilizando outros programas europeus e nacionais e o investimento privado.
O ex-reitor da Universidade do Minho considera ainda que, neste percurso, o Norte terá de ser exemplar na consolidação do atual processo de descentralização, criando serviços públicos mais eficientes e próximos das pessoas, empresas e instituições.
António Cunha, de 59 anos, foi reitor da Universidade do Minho, entre 2009 e 2017, e do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, entre 2014 e 2017, tendo assumido ou integrado, ao longo da sua carreira como académico, dezenas de outros projetos ou instituições.
Entre outros cargos, atualmente é presidente do CoLab em Transformação Digital, DTx, administrador do CEIIA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento e presidente do Gabinete de Crise e Transição Económica de Guimarães.
Depois destas primeiras eleições (indiretas) para as CCDR, António Cunha sucede a Freire de Sousa, nomeado em 2016 pelo Governo para o cargo.
Quando anunciou a sua candidatura, o ex-reitor revelou que o convite resultou de “um acordo entre os dois partidos”, PS e PSD.
Com cerca de 3,6 milhões de habitantes, a região do Norte concentra quase 35% da população residente em Portugal, assegura perto de 39% das exportações nacionais e representa cerca de 29% do Produto Interno Bruto (PIB) da economia nacional, descreve a CCDR-N na sua página oficial na Internet.
As CCDR são serviços desconcentrados da Administração Central, dotados de autonomia administrativa e financeira, incumbidos de executar medidas para o desenvolvimento das respetivas regiões, como a gestão de fundos comunitários.