O Norte do país comporta cerca de 50% dos casos confirmados com infeção por Covid-19, com 644 dos 1.280 casos já confirmados, assumindo-se como a região mais afetada no país.
Em resposta aos jornalistas, durante a conferência de imprensa deste sábado, a ministra da Saúde, Marta Temido, admite que, sempre que se olha para trás, pode-se pensar na possibilidade de ter feito algo diferente mas relembra que existiram casos precoces importados no Norte que tiveram depois contactos laborais, sociais e familiares, que aceleraram o processo de contágio em relação ao resto do país.
Sobre se estará “arrependida” por não ter tomado outras medidas na região Norte, agora que é o local onde existem mais testes positivos, a ministra sublinha que “ao olhar para trás, pensamos sempre que podíamos ter feito diferente aqui ou ali, mas penso que seguimos as orientações de cada momento”.
“No Norte tivemos grupos de infeção mais precoces, que tiveram a ver com importação de casos, com zonas onde pessoas foram ao exterior, contactaram com as relações familiares e laborais e a doença teve uma propagação anterior a outras regiões do pais”, reforça.
Marta Temido explica que , quando se vão analisar as medidas a impor, existem dois valores que não devem ser comprometidos e que isso tem de pesar na hora de tomar medidas: Saúde e vida em sociedade.
“Desde o inicio que sabemos que esta doença é nova e temos de ir adotando medidas adequadas ao combate proporcionalmente porque há dois valores a serem equilibrados, a saúde e a vida em sociedade, logo sabemos que temos de tratar os utentes sem que se deixe de poder recolher resíduos, transportar bens alimentares, medicamentos, etc”.
O Norte é exemplo para Lisboa e Vale do Tejo
“O Norte tem sido exemplar a lidar com o surto, desde logo pela capacidade hospitalar que responde a um grande volume de casos, em Porto, Gaia e Braga, um conjunto de hospitais que estão preparados desde início, tanto os de referência como de segunda linha”, disse Marta Temido.
A ministra elogiou a capacidade das autoridades de saúde do Norte em seguirem exemplos de outros países afetados, instalando centros ambulatórios de deteção de doença, algo que também proporciona o aumento de número de casos detetados por haver maior despistagem.
“Houve capacidade de aprender com outros países, ao instalar centros ambulatórios de teste, o que foi um exemplo para o que se vai fazer a partir da próxima semana em Lisboa. Penso que temos aprendido bastante com a capacidade da região Norte de combater o surto”, vinca.
Braga “ganhou três dias”
A Câmara de Braga tinha imposto, com efeitos a partir da última terça-feira, “horário zero” a todos os estabelecimentos de comércio e serviços do concelho que não sejam de primeira necessidade, para combater o avanço da Covid-19, medida já revogada na sexta-feira face à autorização do Governo para que se mantenha aberto o comércio essencial.
“Com essa decisão, Braga ganhou três dias. E ganhar três dias, nas atuais circunstâncias, é evitar milhares de contágios e, provavelmente, salvar muitas vidas”, disse ontem Ricardo Rio, presidente da Câmara.
Braga tem 25 infetados confirmados. Autarca fala à população: “Ganhámos três dias”
1.280 casos confirmados e 12 mortes
O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 1.280 casos em Portugal, anunciou, este sábado, a Direção-Geral da Saúde (DGS), mais 260 do que na sexta-feira. Estão confirmados 12 óbitos.
Foram confirmados mais seis óbitos em relação a sexta-feira.
Há 1.509 casos suspeitos que aguardam resultado laboratorial e cinco pacientes dados como curados.
Dos 1.280 confirmados, 156 estão internados enquanto os restantes recuperam em casa.
Existem 35 em estado grave/crítico.
644 casos são no Norte do país, 448 na Grande Lisboa e 137 no Centro. Algarve tem 31 casos confirmados, Açores três e Madeira cinco. O Alentejo regista três casos. Há ainda nove portugueses no estrangeiro com confirmação de infeção.