Cem anos depois de abrir pela primeira vez as portas, a “mais bonita” sala de espetáculo do Minho quer ser a “âncora” de uma cidade “culturalmente em evolução” e ambiciona atingir o número “simbólico” de 100 mil espetadores.
Em entrevista à agência Lusa, o programador do Theatro Circo, Paulo Brandão, assumiu a “utopia” de tornar o espaço num “ponto de encontro” para todas as idades, derrubar “barreiras” e “estender” o espetáculo a toda a cidade programando “para e com” os bracarenses.
Hoje, dia 21 de abril, as portas do Theatro vão abrir-se à cidade para o primeiro dia de um ano de programação que vai celebrar o centenário daquele que é já um “ícone” da cidade.
“No arranque de mais 100 anos de vida queremos, ou pelo menos eu quero, tornar o Theatro Circo num espaço âncora de Braga, que congregue públicos de todas as idades, sem limites, que quebre a barreira daquele público que ainda tem arrepios de um quase medo ao entrar numa sala como esta”, explicou Paulo Brandão.
Como exemplo, o programador apontou o “mais difícil” público de todos, os pré-adolescentes: “Não são crianças nem adultos e têm que ser conquistados nesta fase ou perdem-se”.
Assim, Brandão promete uma programação “espelho” da imagem que quer que o Theatro Circo Tenha.
“Com uma identidade moderna, mas sem esquecer as marcas do passado, cosmopolita, atenta”, enumerou.
Para isso, Paulo Brandão, que está a fazer um “segundo mandato” frente ao Theatro Circo, depois de uma ausência de “alguns anos”, explicou que ter espetáculos com “público garantido” não é suficiente, “ou tornar-se-ia esta mais uma sala de espetáculos como muitas outras”.
É por isso que a “aposta”, apontou, passa por dar valor ao que se faz em Braga.
“Um dos meus objetivos é programar para as pessoas de Braga e para os bracarenses. Não apenas pensando em quem vai aos espetáculos mas também em quem os faz. Queremos um palco para criadores da cidade, estruturas que tem voz e se movimentam na área da cultura”, disse.
É desta forma que Brandão prevê que o Theatro Circo possa assumir um novo papel “âncora” em Braga.
“Pode até ser uma utopia tornar um espaço de cultura num centro da vida de Braga. Mas é o que, repito mais uma vez, eu quero. Não apenas uma casa de espetáculos mas um espaço que interaja com o comércio, as livrarias, os cafés, as ruas”, explicou.
Para o ano de centenário, Brandão deixou ainda um outro objetivo.
“Em 2014 atingimos os 90 mil espetadores. Foi um marco e uma marca. Nos 100 anos queremos passar o simbolismo do número e chegar aos 100 mil. Não é impossível”, disse.
A celebração do centenário dos do Theatro Circo começa às 18 horas com a abertura da exposição “O Século do Theatro”, seguido de um concerto de Rodrigo Leão que contará em palco com a bracarense Dora Rodrigues, um momento de ópera, a cargo de Sara Braga Simões (25 de abril), um espetáculo dos bracarenses ?At Freddy’s House’ (sexta-feira, 24 de abril) e, também dia 24, o cabeleireiro bracarense Pedro Remy vai fazer “O Corte do Século” a quem se aventurar a passar na Sala de Fumo do Theatro Circo.