Ninguém ouvia o mundo como ela. Sofia Saldanha, realizadora de Braga, morre aos 47 anos

“Os seus documentários áudio são uma referência radiofónica em Portugal”
Sofia Saldanha

A radialista Sofia Saldanha, de Braga, morreu este domingo. Tinha 47 anos e foi vítima de doença prolongada.

Trabalhava na Antena 2 e os seus documentários áudio são uma referência radiofónica em Portugal.

A rádio pública anunciou que, em sua homenagem, a Antena 2 transmite na segunda-feira, pelas 19:00, um excerto de um dos seus trabalhos – A Lisboa de Fernando Pessoa.

Em comunicado, a Antena 2 lembrou Sofia Saldanha como uma profissional que “captava os sons do mundo, das gentes e moldava-os (…) Depois devolvia-nos em sensíveis e astutos documentários, onde víamos e ouvíamos, no escuro e à escuta, as vozes e os passos de poetas como Fernando Pessoa ou Miguel Torga”.

“Sofia era uma criadora sonora, uma artista sonora. Pioneira e inovadora, os seus documentários áudio são uma referência radiofónica em Portugal, cruzando a poética, o documental e a ficção”, lê-se na nota da Antena 2.

Sofia Saldanha nasceu em Braga, em 1975, e começou a trabalhar em rádio em 1992, quando ainda frequentava a escola secundária. Durante 15 anos foi uma das vozes da Rádio Universitária do Minho.

Completou o Mestrado em Rádio do Goldsmiths College, University of London, no Reino Unido e aprofundou a experiência de documentarista no Salt Institute for Documentary Studies, nos Estados Unidos da América (EUA).

Ganhou o Best New Artist Award no Third Coast International Audio Festival (EUA, 2010), esteve nomeada para prémios no Prix Europa – The European Broadcasting Festival (Alemanha, 2019), The HearSay Prize – HearSay International Audio Arts Festival (Irlanda, 2019), Prix Marulic – International Radio Festival (Croácia, 2020), Prémio Prata na categoria Short Forms do Prix Marulić – International Radio Festival 2021 (Croácia).

Os seus documentários áudio foram transmitidos na rádio Antena 2, BBC Rádio 4 e em inúmeros canais de rádio norte-americanos.

Integrou o In The Dark, uma associação que nasceu em Londres em 2010, dedicada a divulgar documentários áudio inovadores, e que organiza regularmente, em espaços públicos, sessões de escuta áudio no escuro. Em 2018, criou o In The Dark Lisboa.

Sofia foi membro do Sindicato de Poesia, uma Associação Cultural que desde Outubro de 1996 trabalha o ato performativo de dizer poesia.

 
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