Nesta escola de Viana ninguém reprovou

Em mais de 100 alunos do secundário

Dos 40 alunos que iniciaram o ensino secundário na Escola Básica e Secundária de Arga e Lima, em Lanheses, freguesia de Viana do Castelo, no ano letivo de 2019/2020, nenhum reprovou ao longo dos últimos três anos. Já no último ano letivo, ninguém dos “cerca de 100 alunos” do secundário ‘chumbou’, conseguindo o estabelecimento de ensino atingir uma taxa de sucesso de 100%.

A Básica e Secundária vianense surge, assim, em primeiro lugar da lista de estabelecimentos de ensino com melhor taxa de aprovação nos exames de secundário, a par de outras três escolas do país, duas delas de índole privada, isto de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Educação e trabalhados pela agência Lusa.

Para além de Arga e Lima, classificaram-se com 100% de taxa de aprovação a pública Escola Básica e Secundária Padre José Augusto da Fonseca, em Aguiar da Beira, e os privados Externato Senhora do Carmo, em Lousada, e Colégio Novo da Maia, na Maia.

Tanto a escola de Viana do Castelo como a de Aguiar da Beira destacam-se ainda por terem taxas de sucesso muito superior ao esperado, tendo em conta alunos com um perfil semelhante à entrada no ensino secundário. No caso da escola minhota, a taxa nacional de sucesso entre alunos semelhantes foi de 80%, ou seja, 20 pontos percentuais abaixo.

Atualmente, são 40 os alunos que iniciaram o ensino secundário em 2019/20 na Escola de Arga e Lima, e nenhum deles chumbou nos três anos, concluindo recentemente o 12.º com sucesso. Ao todo, no secundário daquela escola, existem “pouco mais de 100” alunos. E também não existiram reprovações para esses estudantes no último ano letivo, tanto para os de 10.º como para os do 11.º.

“Uma escola do litoral com problemas do interior”

Contactado por O MINHO, o diretor da escola, José Costa Leme, começa por destacar que o estabelecimento de ensino é “uma escola do litoral com problemas do interior”, mas isso não impossibilita que os alunos consigam atingir notas de excelência, e tudo vai da “motivação que é transmitida pela própria escola”.

Um dos caminhos desta escola para o sucesso está pavimentado com apoio de especialistas em psicologia, que fazem “um trabalho muito individualizado, com apoio muito próximo” aos alunos, destaca,

“Os testes psicotécnicos são uma treta”

“Por exemplo, aqui não fazemos testes psicotécnicos, que são uma treta, mas sim um trabalho individual, personalizado – um serviço de proximidade e de vocação. Assim, os alunos que entram no 10.º ano, muitas vezes ainda perdidos em relação ao rumo a tomar, ainda vão a tempo de encontrar o seu espaço no Ensino Superior, e isso motiva”, considera.

O facto de ser “uma escola com problemas de interior”, permite também que exista uma maior proximidade, facto sublinhado pelo menor número de turmas existentes, quando comparado, por exemplo, com secundárias da cidade de Viana do Castelo. O diretor tem, também, a preocupação em não desvalorizar o percurso anual dos alunos de 10.º ano, para “não cortar logo as asas”.

Os alunos são avaliados pelo que fazem durante todo o ano

“Eu peço sempre aos professores para avaliaram aquilo que o aluno faz durante todo o ano conforme as suas capacidades. Se a média não for muito positiva, peço sempre para que vejam outros aspectos onde a possam subir, para não estarmos a cortar logo as asas ao aluno, que até pode encontrar a sua motivação e prosseguir estudos”, conta José Costa Leme.

Diretor também dá aulas por uma questão de proximidade

Também professor de Física e apaixonado pelas Ciências e pela Literatura, o diretor faz questão de lecionar Física aos alunos do secundário, conseguindo assim – nas suas palavras – perceber a realidade na sala de aula, tanto da perspectiva do aluno como do professor. “Acho que é a forma mais próxima que posso ter com os colegas e com os estudantes, que assim também ficam mais familiarizados comigo”, realça.

Troca de livros para sanar conflitos entre alunos

Outro dos métodos aplicados na escola passa pela questão da resolução de conflitos de forma interna e com recurso à promoção da empatia entre alunos. “Quando dois alunos têm algum atrito, não vamos logo castigar. Eu próprio vou à biblioteca e compro dois livros para lhes oferecer. Depois, durante uma aula, é pedido para que os estudantes em conflito troquem os respectivos livros um com o outro, criando assim uma ligação de empatia entre ambos. E tem resultado”, admite.

Percentagem de reprovados diminui a nível nacional

A percentagem de alunos que reprova ou desiste de estudar no ensino secundário tem vindo a diminuir, continuando a ser o 12.º o ano mais difícil para os estudantes, segundo a análise da Lusa.

No ano letivo de 2019/2020, 9% dos alunos do 10.º ano não conseguiram terminar com sucesso, assim como 3% dos estudantes do 11.º ano e 13% do 12.º.

Analisando os últimos quatro anos, há uma melhoria progressiva ao longo do tempo, já que em 2016/2017, 16% dos alunos “chumbaram” no 10.º, 8% no 11.º e 28% no 12.º ano.

Mas o sucesso ainda não abrange todos os alunos e cerca de um terço dos alunos (33%) não consegue concluir os estudos nos três anos previstos. Mas comparando com o ano letivo de 2017/2018 verifica-se uma melhoria de dez pontos percentuais.

Em 2018, apenas 57% dos alunos dos cursos científico-humanísticos conseguiram terminar o secundário no tempo esperado, mas em 2020 a percentagem subiu para 67%.

 
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