O futebolista português Nené deseja acentuar um percurso ascendente no Jagiellonia Bialystok, que lutava pela fuga à despromoção aquando da sua chegada à Polónia, em 2022/23, mas conquistou um inédito campeonato na época passada.
“Internamente, temos esse objetivo e ambição [de revalidar o título]. Queremos mostrar que [o feito da época passada] não foi por acaso, mas para fora passamos a imagem de que é jogo a jogo. O sentimento geral é de que isto está a correr bem. Vamos lutar para conseguir mais uma vez esse feito, que é muito difícil, mas é possível”, apontou o médio do atual vice-líder da Ekstraklasa, em entrevista à agência Lusa.
Nené, de 29 anos, contribuiu com nove golos e seis assistências em 32 partidas para o cetro do Jagiellonia, que até totalizou os mesmos 63 pontos do Slask Wroclaw, segundo colocado, mas impôs-se no confronto direto e tornou-se o 20.º clube a vencer o escalão principal da Polónia, cuja seleção visita Portugal na sexta-feira para a Liga das Nações.
“É verdade que o clube já tinha estado algumas vezes no pódio, mas ninguém contava connosco. Na minha primeira época, estávamos a lutar para não descer. Na temporada seguinte, fomos campeões. Isso é a imagem do campeonato polaco, no qual há sempre alguma surpresa e muitas equipas já foram campeãs. Não é como em Portugal”, traçou.
Ostentando uma Taça da Polónia, uma Supertaça e um cetro da II Divisão no palmarés, os ‘zolto-czerwoni’ selaram o maior êxito da sua história com um triunfo caseiro sobre o despromovido Warta Poznan (3-0), inaugurado com um tento de Nené, sendo treinados por Adrian Siemieniec, de 32 anos, que tinha sido promovido da equipa B ao conjunto principal na reta final de 2022/23.
“Sinceramente, o que fez muita diferença foi a equipa técnica, que teve a oportunidade de continuar na época seguinte. O treinador trabalha muito bem, confia nos jogadores e tem uma relação próxima com todos. Fez história e tem muito mérito nisso. O que conseguiu é um pouco à imagem daquilo que o Ruben Amorim fez no Sporting. Depois, tínhamos muitos bons jogadores e um conjunto de fatores para podermos ser campeões”, avaliou.
O redimensionamento competitivo do emblema de Bialystok, maior cidade do nordeste da Polónia, a quase 180 quilómetros da capital Varsóvia, permitiu a Nené, alcunha de Rui Correia no futebol, progredir em influência rumo à melhor temporada de uma carreira desenvolvida a nível sénior entre SC Braga B, Montalegre, Fafe e Santa Clara.
“Adapto-me bem a qualquer lado e estou habituado desde novo a sair da minha ilha e andar de um lado para o outro. A minha adaptação foi rápida. Depois, foi sempre a subir e veio o sucesso, que nunca tinha imaginado conseguir. Chegar à Polónia e ser campeão é um feito que me orgulha muito”, enalteceu o médio nascido na ilha açoriana da Graciosa.
Na transição para 2024/25, Nené acolheu o defesa direito Tomás Silva, oriundo do Vizela, e o lateral esquerdo João Moutinho, emprestado pelo Spezia, do segundo escalão italiano, que reforçaram o contingente português da Ekstraklasa, atualmente com 17 jogadores, mais os treinadores Gonçalo Feio (Legia Varsóvia) e Bruno Baltazar (Radomiak Radom).
“Penso que isso se deve à qualidade e formação dos jogadores portugueses, que chegam aqui e fazem a diferença, abrindo portas para outros. É um campeonato apelativo, com ambientes muito bons e tudo aquilo que um jogador gosta. É pena que não tenham bem a noção disso em Portugal, mas estou muito feliz e a adorar e experiência, que recomendo àqueles que tenham a possibilidade de relançar a sua carreira no estrangeiro”, sugeriu.
Ao fim de 15 jornadas, o Jagiellonia Bialystok é segundo classificado da Liga polaca, com 32 pontos, a dois do Lech Poznan, de Joel Pereira e Afonso Sousa, e ladeia os ingleses do Chelsea, o Legia Varsóvia, os austríacos do Rapid Viena, o Vitória SC e os alemães do Heidenheim no topo da fase de liga da Liga Conferência, todos com um pleno de três triunfos.
O ‘Jaga’ foi relegado para a terceira prova continental de clubes da UEFA, após ter perdido com os neerlandeses do Ajax no play-off da Liga Europa, volvida a eliminação face aos noruegueses do Bodo/Glimt na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
“Não estávamos a contar [com o desempenho invicto na Liga Conferência], mas as coisas estão a correr bem. Já tivemos o jogo supostamente mais difícil, no qual vencemos em Copenhaga [por 2-1, na ronda inaugural], mas há que tentar fazer pontos para passar à próxima fase. A partir daí, veremos. Como já se viu no futebol, tudo é possível”, afiançou Nené, com dois golos e duas assistências em 19 encontros esta época.