Nem a chuva travou as celebrações dos ‘gverreiros’ no centro de Braga

Reportagem

“Não gaste o seu tempo comigo, já está tudo fechado”. Podia ser algum comerciante em tempo de confinamento, mas foi mesmo um dos muitos adeptos do SC Braga que, este domingo à noite, celebrava a conquista de mais um título com bastante euforia e sem conseguir explicar em palavras o que lhes ‘vai na alma’.

Entre duas a três centenas de adeptos e simpatizantes, de acordo com fonte oficiosa da PSP, estiveram esta noite na Praça da República, onde as bandeiras e as tochas se misturavam com a chuva que ‘lavou a época’.

“Este título é muito importante porque estamos em ano de centenário, e é mesmo bom terminar assim a época”. Quem o afirma é Afonso Costa, jovem de 16 anos que, por exemplo, nunca viu um jogo do seu clube no antigo 1.º de Maio. Mas isso não esfriou os ânimos do vila-verdense, de Soutelo, que acompanhou desde tenra idade o avô aos jogos no Municipal.

“Honestamente, o meu pai sempre me puxou para o Benfica, mas eu comecei a ver jogos do Braga com o meu avô, que tinha uma cadeira ao lado da claque, e desde aí estou sempre a apoiar o meu clube”, recorda.

Apesar da euforia, Afonso – devidamente equipado contra a doença da nova década -, lembra que “o pessoal está a cumprir as normas” e “talvez por isso” não estivesse tanta gente como desejava.

Afonso Costa. Foto: Fernando André Silva / O MINHO

“Está a ser uma boa noite”, remata, ao estilo de Piazón ou Ricardo Horta, quando levantaram milhares de braguistas das cadeiras de casa, dos cafés ou de qualquer outro lado que não um estádio, ou não tivesse sido proibido o público.

Apesar de não existirem ecrãs gigantes, os adeptos rumaram na mesma ao coração de Bracara Augusta, na sua grande maioria a pé (ou de trotineta), uma vez que o trânsito na Avenida Central foi cortado pelas autoridades para que os festejos decorressem com maior segurança.

E quem não dispensou a segurança do distanciamento social foi Rui Lopes, de 24 anos, vindo de Gualtar. Braguista desde que se conhece “como gente”, procurou o abrigo da Arcada para se proteger da chuva, que começava a cair amiúde por volta das 23:30, mas também para não cair na tentação da muita proximidade vivida no epicentro dos festejos.

Rui Lopes. Foto: Fernando André Silva / O MINHO

“Estou aqui a celebrar mais uma conquista do meu clube com os adeptos da cidade. Gosto muito de ver a praça assim”, disse, considerando-se braguista “por influência” dos pais e do resto da família: “Somos todos Braga”.

Rui considera que o Braga já é um “clube grande”, que tem “crescido ao longo dos anos e com provas dadas, que são as taças”. Ao fundo da Arcada, Rui recorda que está afastado por causa “das normas”, mas está “em festa também”.

Quem pareceu também comedido, mas determinado, foi ‘Joca’ Costa, de 57 anos, vindo da freguesia de S. Vicente: “Estou aqui para celebrar mais um título”.

“Desde que nasci que sou do Braga, por ser da cidade e por acompanhar o meu irmão mais velho, que ia ver os jogos. Fiquei sócio e cá estou”, analisa. No entanto, crê que “faltam mais apoiantes” ao clube.

‘Joca’ Costa (ao centro). Foto: Fernando André Silva / O MINHO

“Por acaso, acho que até tem mais gente do que aquilo que eu esperava, mas é preciso mais gente. Faltam mais apoiantes, a cidade ser mais pelo Braga”, concluiu.

Por entre os pingos da chuva, e com o aproximar das ‘zero’ horas, muitos dos adeptos iam regressando a casa, enquanto outros ainda seguiam em caravanas automóveis, na encruzilhada da Rua de Santa Margarida com a Avenida Central, fazendo a festa em ‘quatro rodas’.

O Sporting Clube de Braga conquistou a Taça de Portugal pela terceira vez, este domingo à noite, depois de vencer o Benfica, por 2-0, na final disputada em Coimbra.

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