Um navio russo está ancorado à entrada do porto de Viana do Castelo porque a empresa fornecedora alemã não lhe deu permissão para levantar a carga. Em causa as sanções impostas à Rússia após a ofensiva militar sobre a Ucrânia.
A embarcação “vinha carregar pás eólicas e a Enercon, empresa com sede na Alemanha, deu instruções à filial de cá para não carregar”, explica a O MINHO o capitão do Porto de Viana e comandante da Polícia Marítima, Rui da Silva Lampreia.
Como o armador não tinha autorização para carregar e havia condições para o barco ficar fundeado (ancorado) à entrada do Porto, ali está já desde o passado dia 28 de fevereiro. “O armador deu indicações ao comandante do navio para não entrar no porto e permanecer no fundeador”, explicou.
Para já, a situação “está dependente do contexto internacional”, sendo que o armeiro está a fazer todos os esforços para levantar a carga. “Está a fazer tentativas para mudar o estado de bandeira do navio, mas tal não é adequado no atual contexto”, explica Rui Lampreia da silva.
O responsável adiantou que a permanência do navio à entrada do porto de Viana do Castelo vai depender do estado do mar, uma vez que a partir das 18:00 e até às 21:00 de sexta-feira as previsões apontam para o agravamento da agitação marítima, com ondas de quatro a cinco metros de altura.
“Por questões de segurança poderei ter de determinar o afastamento do navio, para não se correrem riscos, [como] por exemplo o de se partir a amarra e o navio não ter tempo de reagir e dar à costa. Há vários fatores que têm de ser analisados em função das circunstâncias ambientais que também são relevantes”, sustentou Silva Lampreia.
Contactada pela Lusa, fonte da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) disse que, “neste momento, não existe nenhuma orientação no sentido de impedir a entrada ou saída de qualquer embarcação, seja de que nacionalidade for”.
“Por razões de segurança a embarcação recebeu água e combustível, por não haver indicações em contrário”, referiu a fonte, adiantando que as “questões comerciais” ultrapassam a administração da APDL.
A Rússia lançou no dia 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
Notícia atualizada às 11h55 com mais informação.