ARTIGO DE OPINIÃO
Carla Pires
Enfermeira no Serviço de Neonatogia – Hospital de Braga. Com 13 anos de experiência na Unidade de Cuidados Intermédios Neonatais e Pediátricos, é apaixonada pela arte do cuidar e do desenvolvimento pessoal.
O Natal é uma época marcada pela celebração, pelos encontros em família e por uma atmosfera mágica!
Quando falamos em Natal às crianças, a primeira ideia que lhes surge é a figura do Pai Natal e consequentemente, a dos presentes.
Contudo, para os pais, este período traz algumas reflexões importantes, especialmente sobre como conciliar o desejo de alimentar a magia natalícia e o compromisso com a verdade.
Como podemos criar momentos mágicos para as crianças sem comprometer os valores da honestidade e da autenticidade? Como podemos dizer que o pai Natal existe, se na verdade não existe?
As crianças vivem num mundo onde o real e o imaginário muitas vezes caminham lado a lado.
O sonho desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil, ajudando-as a explorar a criatividade, desenvolver empatia e compreender o mundo de forma segura e lúdica.
E no contexto do Natal, histórias como a do Pai Natal, os duendes e o trenó mágico alimentam essa dimensão simbólica e oferecem uma magia especial à infância.
Para muitas famílias, incentivar essa fantasia não é uma questão de mentira, mas sim de promover uma experiência mágica que se traduz em memórias carinhosas e significativas.
Trata-se portanto, de um pacto implícito entre gerações, onde o “conto de Natal” não é encarado como mentira, mas como uma forma de preservar a capacidade da imaginação infantil.
No entanto, um dos dilemas enfrentados pelos pais é como lidar com a possível descoberta das crianças de que o Pai Natal não existe.
Alguns temem que isso possa gerar desconfiança, mas estudos em psicologia infantil sugerem que, na maioria dos casos, a revelação é, na maioria das vezes, natural.
À medida que crescem, as crianças começam a questionar e a interpretar os símbolos do Natal de forma diferente, mas continuam a valorizar o sentido de magia e de união familiar associado a esta época.
Os pais podem abordar este momento com sensibilidade e empatia, explicando que a história do Pai Natal é uma lenda antiga que transmite e reforça os valores de generosidade, bondade, amor e partilha.
Ao apresentarem a verdade com carinho, as crianças tendem a aceitar a mudança como um marco natural do crescimento, sem se sentirem enganadas. Vamos deixar as crianças sonharem!