Em 2017 e 2018, Carlota Silva, natural de Vila Nova de Sande, Guimarães, fez duas introduções de células tronco num hospital na Tailândia, para tentar minimizar os efeitos da paralesia cerebral que a afeta desde nascença – depois de ter sofrido um AVC ainda no útero -, e de ataques epiléticos, uma vez que também padece do síndrome de West.
Os resultados foram satisfatórios, com a Carlota a conseguir passar a andar e até a falar, embora com muitas dificuldades nas duas situações. Agora com 9 anos, a menina terá de voltar a ser alvo de nova introdução de células-tronco no Hospital Better Being, em Bangkok, mas não é fácil de reunir o dinheiro necessário para as viagens e para os tratamentos.
De acordo com o manual médico MSD, as células-tronco “são células não diferenciadas com o potencial de se tornarem um dos 200 tipos de células no organismo, incluindo as células sanguíneas, as nervosas, as musculares, as cardíacas, as glandulares e as de pele”.
Ou seja, podem ser estimuladas a converter-se em qualquer tipo de célula, dividindo-se já com a nova “especialidade” associada, transformando-se num único tipo. Estão a ser utilizadas para tratar lesões da medula espinhal, do Parkinson ou de diabetes.
Para a Carlota poder voltar a repetir este tratamento, no último fim de semana, amigos juntaram-se para ajudar na angariação de fundos, através de um “festival de Francesinha”. No total, foram angariados nesse evento 5.431 euros, disse a O MINHO Sónia Silva, mãe de Carlota. No fim de semana anterior, num evento onde foi servida feijoada, foram angariados 740 euros, perfazendo assim cerca de 6.100 euros angariados. Mas faltam ainda cerca de 17.000 para chegar ao objetivo de 23 mil euros.
Sónia Silva explicou que este tipo de tratamento trouxe alguma felicidade à menina, que foi pioneira em Portugal na deslocação a este hospital. Recentemente, outras crianças com paralisia ou problemas graves recorreram aos serviços do Better Being, dando depois continuidade aos tratamentos em Portugal, embora a duração de efeito das células tronco dure aproximadamente seis meses no seu período mais ativo. Um desses exemplos foi o Serginho, de Esposende.
“A Carlota teve uma evolução muito grande nos tratamentos de 2017 e 2018, o que levou a que outros pais entrassem em contacto connosco. O caso da Carlota foi o que mais se divulgou na altura, e foi uma grande felicidade perceber que outros pais conseguiram também fazer o tratamento, como o caso do Serginho ou do Brian”, adiantou a O MINHO.
Sónia salienta que Carlota, então com 4 anos e meio, conheceu melhorias logo ao fim do primeiro tratamento, pois não andava nem falava.
“No primeiro [tratamento] já veio de lá [Tailândia] com umas talas, porque este tratamento é muito complexo, são 25 dias, onde fazem introdução de células tronco pela veia e pela medula, e depois tem também terapias associadas, como câmara hiperbárica, que aqui só conseguimos na Marinha, em Lisboa”, refere a mãe.
Sónia Silva explica que o tratamento “deveria já ter sido feito em 2020, mas com o covid, não foi possível”. Importa referir que o hospital esteve fechado durante um largo período de tempo por causa da pandemia, tendo reaberto este ano.
Sónia explica que ao longo dos últimos dois anos conseguiu fazer um esforço financeiro, mesmo pagando as terapias mensais de Carlota, em Braga, amealhando cerca de 20 mil euros, aos que se somam os 6.100 angariados nas últimas semanas. Mas faltam 17 mil.
Muitas das terapias são feitas em Portugal, como é o caso da alimentar ou da acupuntura, mas a necessidade de regressar ao tratamento ‘estaminal’ é sempre uma esperança para as crianças e para as famílias.
Pode ajudar a Carlota a viajar em junho para a Tailândia:
IBAN PT50003502710001820380026
MBWAY: 935088419