Jorge Pinto Ramos foi selecionado para representar Braga na edição deste ano do City to City, uma iniciativa que promove a criação de peças de arte através de colaborações artísticas, entre as Cidades Criativas da UNESCO. Braga é Cidade Criativa para as Media Arts e Jorge Ramos já trabalha no projeto para a representar: “A pandemia aniquilou todos os concertos, então eu propus-me, via Media Arte, a criar uma obra que assentasse em gravações de música erudita que já aconteceram. Concertos do passado. No fundo, um remix do meu portefólio”.
No passado recente, o autor foi galardoado com o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores e da Antena 2, compôs para a orquestra Gulbenkian e fez a música para a candidatura de Braga Capital Europeia da Cultura. “Braga tem apostado na cultura em geral. Na encomenda de obras, na produção com músicos locais, nas Media Arts, na dinâmica do polo GNRation, na organização do festival semibreve, há muita coisa a acontecer na cidade. Há uma envolvência artística e cultural”, conta Jorge a O MINHO.
Desde música eletrónica, a música erudita, Jorge não gosta de restrições à liberdade criativa: “Nós começamos a estudar para ser compositores e acabamos como artistas. Não gosto de me definir, faço música eletrónica, música erudita, música para publicidade, e não me consigo definir. Assumo-me como músico, ou soundartist, porque faço muitas outras coisas além de composição”.
Aos 26 anos Jorge estuda na Royal College of Music, em Londres. Começou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga e licenciou-se na Escola Superior de Música de Lisboa, onde também concluiu o Mestrado em Música, especificamente Composição. “Em Londres, o meu doutoramento em composição musical eletrónica, é sobre a influência da tecnologia na orquestração”, afirma o artista, bolseiro da Royal College of Music e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Os registos musicais produzidos por Jorge Ramos não são os mais comerciais. Nem a música experimental, nem a erudita, nem a eletrónica. O compositor afirma, no entanto, que “há público para toda a música desde que seja boa, apesar de haver uma desconfiança e um desinvestimento na programação deste registo musical”.
Apesar do “Estado da Arte” nas casas de espetáculo e na Cultura, em Portugal, Jorge Ramos vê em Braga uma excepção: “O estado da Cultura em Portugal é muito negro, mas no meio da escuridão Braga move-se bem e com talento”.
Jorge Ramos irá receber uma bolsa no valor de 2.000 euros e integrará um conjunto de laboratórios com reconhecidos artistas media e curadores internacionais com vista à discussão de ideias sobre o trabalho a apresentar. A obra será apresentada no final do ano.
Criada em 2020 durante os primeiros meses da pandemia, a iniciativa City to City surgiu com o intuito de apoiar a arte e a criação artística, procurando ser uma força motriz para o desenvolvimento sustentável nestes momentos de incerteza global, reforçando a importância da cooperação entre as Cidades Criativas da UNESCO para as Media Arts.
Para além de Braga, Austin (EUA), Calí (Colômbia), Changsha (China), Dakar (Senegal), Enghien-les-Bains (França), Guadalajara (México), Gwangju (Coreia do Sul), Karlsruhe (Alemanha) Kosice (Eslováquia), Sapporo (Japão), Toronto (Canadá), Viborg (Dinamarca) e York (Reino Unido) são outras cidades que integram e dinamizam a iniciativa da UNESCO.
O músico e artista bracarense João Carlos Pinto foi o vencedor da edição de 2020, colaborando depois com a artista alemã Sarah Degenhardt, representante da cidade de Karlsruhe