Já havia um a zero em termos de diferendos. Agora fica 2-0. Ou 2-2, se o leitor assim preferir. Primeiro foi a questão do dinheiro para pagar as obras que se vão fazer no estádio. O novo, o que foi construído para o Euro 2004. O presidente do SC Braga, António Salvador queria que a Câmara de Braga pagasse parte das obras que a coletividade vai fazer no estádio. Para melhorar algumas das suas incongruências, como a da falta de elevadores. E de conforto.
O presidente do Município, Ricardo Rio, disse que não pagava, porque é o SC Braga quem delas beneficiará, o que, de resto, já sucede com o usufruto do estádio que custou – ainda não está todo liquidado – 125 milhões de euros (mais uns trocos…) aos contribuintes bracarenses. Rio só paga as obras exteriores. O que – ao que O MINHO soube – Salvador não aceita, de bom grado.
Agora vem o segundo jogo; e promete ser renhido: em 2015, a Câmara votou – ato que foi à Assembleia Municipal e ao Tribunal de Contas – a passagem para o clube – o maior da urbe – , de 12 hectares de terrenos no chamado Parque Norte. Valiam 3,5 milhões, no mínimo. E também lhe deu o mamarracho inacabado, ou seja, o esqueleto da piscina olímpica que o ex-presidente Mesquita Machado, começou, mas não acabou, por falta de fundos comunitários.
E onde foram enterrados 8 milhões de euros. Que ainda andam a “boiar” no tal bolso do contribuinte. Só que, para ceder os hectares, Ricardo Rio pediu contrapartidas, de forma a que a chamada Cidade Desportiva, pudesse servir, também, os bracarenses. Previa-se, além de coisas como uma zona para se passear e correr, o usufruto, ainda que parcial, do futuro pavilhão. E as conversas confluíram no sentido do uso de um andar inferior no pavilhão, com 800 metros quadrados, que seria reservado à prática da ginástica, e gerido pelo pelouro do Desporto da Câmara, o da vereadora Sameiro Araújo.
Este assunto, e conforme noticiámos, é debatido esta quarta-feira, à porta fechada, em reunião a realizar no estádio entre a direção do clube e os vereadores da Câmara, e que é extensiva aos partidos da Assembleia Municipal.
E onde a direção do SC Braga apresenta o projeto da segunda fase que envolve um investimento de 11 milhões de euros e tem um mini-estádio, zona residencial e administrativa, museu e loja.
“Não fazemos!”
Nos últimos tempos, as conversas azedaram e neste jogo não há vídeo-árbitro. Salvador diz que não assinou nada e não está virado para investir uns milhões no pavilhão e ter um inquilino forçado na “cave”. Ou seja, não faz. Quando muito, “empresta” um terreno para que a Câmara construa, na sua “cidade”, um pavilhão para a ginástica.
Os argumentos dos «guerreiros do Minho» são variados: “não faz sentido que o clube tenha um pavilhão para as muitas atividades amadoras que promove e tenha de “gramar a Câmara a entrar e a sair”, diz uma fonte dentre eles. Nem pode haver treinos à porta fechada no pavilhão, diz ainda. A não ser assim, “mais valia fazer um pavilhão próprio, sem aproveitar o cimento da piscina”.
E vai mais longe: como os serviços administrativos vão sair do estádio, para um edifício na “cidade desportiva”, a Câmara pode ocupar o espaço vago, tornando-o numa área para a ginástica. Uma tese que a Autarquia rejeita, pela simples razão de que, a zona por debaixo da bancada não tem pé direito que chegue para um pavilhão, ainda que mais pequeno.
Rio não abdica
Aqui chegados, existe o perigo de haver prolongamento e ter de haver desempate por penaltis, neste caso, com o árbitro nos morosos tribunais administrativos. Ou seja, há risco de um impasse e de uma situação em que ninguém pode transigir. Sem perder a face.
Ao que soubemos, a Câmara exige o respeito pelo acordo conseguido em 2015, aquando da cedência dos 12 hectares.
Ricardo Rio, disse aos jornalistas, no final da última reunião de Câmara, que as contrapartidas “terão de ser cumpridas”. Uma outra fonte conhecedora do processo acrescentou que, “se não for no pavilhão, terá de ser noutro espaço, mas sempre pago pelo clube”.
Entretanto, a construtora ABB já está a fazer obras para mais dois campos relvados, em terrenos que adquiriu recentemente, junto ao quartel dos bombeiros. Ao todo, ficará com 10 relvados para futebol de 11 e um para o de praia.