Em 2021 e 2022, o Município, em parceria com a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, vai investir seis milhões de euros no Parque Arqueológico de Braga através de obras ou estudos, no Teatro Romano da Cividade, na Insula das Carvalheiras, nas ruínas da Rua Santo António das Travessas, na Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças de Braga e no Convento S. Frutuoso.
O vereador do Património, Miguel Bandeira especificou a O MINHO que serão investidos três milhões na musealização da Insulae das Carvalheiras, prevendo-se que a obra arranque no primeiro semestre. Ocupa o interior de um quarteirão não longe das ruínas arqueológicas já musealizadas, conhecidas por Termas Romanas do Alto da Cividade.
“Estes vestígios são constituídos por duas vias ortogonais que se intersectam e várias construções que constituíam o miolo de uma antiga ”insulae’ romana – uma espécie de bloco de casas”, explica.
Relativamente ao Estudo e Adequação do Teatro Romano, (o único a céu aberto descoberto no Noroeste Peninsular), e com 125 mil euros de orçamento, Miguel Bandeira diz que, através de um acordo com a Unidade de Arqueologia o local será escavado, em dois anos.
O Teatro foi descoberto em 1999, tendo sido escavada uma zona com 80 metros de diâmetro.
Ruínas de Santo António das Travessas
O terceiro projeto é o da Ruínas Arqueológicas da Rua Santo António das Travessas, no centro histórico – também a concretizar com a UMinho. A empreitada será lançada após o verão, custando 120 mil euros. Localizam-se no que foi o quadrante nordeste da cidade de Bracara Augusta, o qual foi sobreposto pela Braga medieval, sendo uma área com ocupação ininterrupta nos últimos dois milénios. Resultou da identificação de vestígios romanos bem conservados, que foram logo exumados.
Castro de Santa Marta
Sobranceiro à cidade, no chamado Sacro Monte, escavada há 20 anos, está a estação arqueológica de Santa Marta das Cortiças (Falperra), onde se conservam vestígios da muralha que circuitava o povoado fortificado pré-romano, de construções de planta circular – habitações ‘castrejas’-, ruínas de um grande palácio suevo-visigótico e de uma basílica paleocristã. A requalificação custa 130 mil euros.
Ainda em 2021, será iniciada a empreitada do Complexo Monumental da Capela de S. Frutuoso e do Convento S. Francisco de Real. Por 2,5 milhões. Vai reabilitar o edifício do Convento de S. Francisco, imóvel em ruínas integrado no conjunto patrimonial constituído pela Igreja de S. Domingos (séc. XVIII) e Capela de S. Frutuoso (séc. VII) e envolvido por uma tapada.
Serão criados espaços de biblioteca, conferências e de investigação nas áreas da arqueologia, arquitetura e história. A Unidade de Arqueologia da UMinho vai ali instalar-se.
60 sítios e dezenas de artefactos, lápides e marcos
Para conhecer os diferentes sítios arqueológicos, bem como objetos de várias épocas, pode-se recorrer ao estudo da arqueóloga Maria do Carmo Franco Ribeiro, patente, com acesso livre, no RepositoriUM, da UMinho. Ou visitar o Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa.
O Município quer, ainda, salvaguardar o castro do Monte Redondo, em Guisande, – Monumento Nacional desde 1910 – que tem três linhas de muralha, e vestígios de habitações de forma circular e retangular, idênticas à de outros povoados protohistóricos. De momento, tenta identificar os vários donos do terreno.
Espólio da Santa Marta
Na década de 80, Manuela Martins, arqueóloga da UMinho, fez “sondagens e levantamentos” no castro. O espólio recolhido, que se encontra nos Museus D. Diogo de Sousa e Pio XII, confirmou a longa ocupação do local, desde o Calcolítico até à Alta Idade Média, relevando a ocupação do período suevo-visigótico. Agora, quer-se “valorizar e abrir à visita” a Estação Arqueológica.