O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) disse hoje que a ausência de árbitros portugueses no Mundial2022 de futebol, no Qatar, é motivo de “tristeza”, porque os lusos são “tão competentes” como os escolhidos.
“Vejo com tristeza, naturalmente, para a arbitragem nacional. Acho que os nossos árbitros são tão competentes como os que foram nomeados, mas infelizmente por vezes não é só a competência que conta. Temos de pensar também no que podemos nós melhorar e fazer de forma diferente, para que nos próximos Mundiais, Europeus, estejamos lá, como no recente campeonato da Europa e nos últimos Jogos Olímpicos”, refletiu Luciano Gonçalves, em declarações à Lusa.
Segundo o dirigente, o momento exige “pensar e ver porque é que estas coisas acontecem, se a meritocracia funciona”, lembrando que Artur Soares Dias estaria “nos primeiros lugares de uma classificação dos árbitros de Elite 1”, mas também o “momento histórico” que Sandra Bastos apitou.
A portuguesa arbitrou o jogo entre o FC Barcelona e o Wolfsburgo, da meia-final da Liga dos Campeões feminina, com 91.648 espetadores nas bancadas do Camp Nou.
“Damos por nós a pensar. Tivemos na última meia-final da Liga Europa o Artur Soares Dias, não está, tivemos Sandra Bastos numa meia-final com 90 mil pessoas, um jogo histórico, e também não está”, critica.
Para Luciano Gonçalves, o país deve “continuar a trabalhar e a fazer valer o nome de Portugal não só em jogadores, treinadores, a seleção, mas também lembrar lá fora que a arbitragem também está muito bem”.
O Mundial de futebol terá, pela primeira vez, três árbitras principais entre os 36 escolhidos nas seis Confederações de futebol, numa lista que volta a não ter qualquer árbitro português, informou hoje a FIFA.
No videoárbitro (VAR) estarão 24 árbitros e também aqui sem qualquer português.
A última representação lusa aconteceu com Pedro Proença, com o atual presidente da Liga de futebol nomeado para o Mundial de 2014, no Brasil, já depois de Olegário Benquerença ter estado em 2010 na África do Sul.
Antes, no Mundial do Japão/Coreia do Sul (2002) e em França (1998), esteve Vítor Pereira e, em Itália, em 1990, e no México, em 1986, a arbitragem portuguesa contou com Carlos Valente, depois de António Garrido ter estado no Argentina1978 e no Espanha1982.
Uma ‘cronologia’ que inclui o árbitro Saldanha Ribeiro no México1970 e Joaquim Campos no Inglaterra1966 e no Suécia1958, enquanto Vieira da Costa foi o primeiro em campeonatos do mundo, no torneio organizado na Suíça, em 1954.
O Mundial deste ano no Qatar decorrerá entre 21 de novembro e 18 de dezembro, estando Portugal integrado no grupo H, com Coreia do Sul, Gana e Uruguai.