O presidente da Câmara Municipal, Victor Hugo Salgado e o o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro inauguraram, esta manhã, a estátua do secretário-geral das Nações Unidas que, era primeiro-ministro, em 1998, quando Vizela foi elevada a concelho. O antigo governante agradeceu ao autarca e disse não ser merecedor, embora tenha aceitado a mesma.
Uma multidão de vizelenses encheu o jardim Manuel Faria para celebrar os 25 anos do Município e para homenagear o político que dizem ter sido “corajoso” e diferente “dos outros que só fizeram promessas”. Em 1993, na cidade de Guimarães, António Guterres prometeu que, se fosse eleito primeiro-ministro, desbloquearia o processo de criação do concelho de Vizela que se arrastava há anos. “Em 1998, cumpriu essa promessa e, por isso, esta homenagem é mais do que justa”, afirma o executivo da Câmara liderada por Victor Hugo Salgado.
O povo, rodeando a nova estátua, que olha do alto para o jardim que marca o centro da cidade, concorda. Armindo Costa, de 78 anos, diz que o “Guterres foi muito importante, esteve sempre do nosso lado”. Armindo lembra-se do dia em que o povo levantou a linha de caminho de ferro como forma de protesto. “Houve uma carga da GNR sobre as pessoas. Eu estava de férias, na praia e ficamos a ouvir tudo na rádio”, lembra.
Para este vizelense, não há dúvida que a vida melhorou com a autonomia administrativa. “Guimarães puxava as coisas melhores para lá. Há freguesias que beneficiaram muito, como Santa Eulália que fica aqui a um quilómetro e pertencia a Lousada. Tinham que percorrer uma distância enorme para tratar de qualquer assunto. Outros, como Vilarinho, não vieram para o concelho de Vizela porque lhes ofereceram piscinas. Agora estão arrependidos”, afirma sorrindo.
Um homem corajoso
“Eu ouvi este homem corajoso dizer que faria de Vizela concelho, em Guimarães”, afirma Alberto Faria, de 76 anos, apontando para a estátua. “Outros, como o Mário Soares e o Almeida Santos prometeram, mas nunca cumpriram.
Salvador Silva, tem 63 anos, é de Guimarães, mas também está entre a multidão que se juntou para ver a estátua do ex-primeiro-ministro. “Houve uma guerra entre os dois concelhos, mas agora somos todos amigos”, afirma. “Lembro-me que andava a tirar a carta de condução quando, a certa altura, passei por aqui com o instrutor e estava tudo revirado. O povo andava em guerra com a Guarda”, conta.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, salientou “o rejuvenescimento do poder local e o princípio de dar força às comunidades locais” que, no caso de Vizela, provou que resulta.
Victor Hugo Salgado lembrou que, há 25 anos, “ estava em Coimbra a estudar, a preparar a minha candidatura à Associação Académica, quando alcançamos o desígnio de ser concelho, nunca sonhei que viria a ser presidente da Câmara da minha terra”. O autarca afirma que recebeu uma mensagem de António Guterres, “em que me disse que não merecia, que tinha feito apenas o seu dever.”
A estátua de António Guterres é da autoria de Viana Paredes, artista plástico vimaranense, tem cerca de dois metros, é feita em bronze e representa o secretário-geral das Nações Unidas, num ponto alto, a olhar sobre o jardim.