Mulheres portuguesas vão a Vigo abortar: “Dez semanas da lei portuguesa são insuficientes”

Foto: Lusa

A coorganizadora nacional da campanha europeia “My voice is my choice: Pelo aborto seguro e acessível” disse hoje que 530 mulheres residentes em Portugal recorreram ao aborto nas clínicas fronteiriças de Vigo e Badajoz (Espanha) em 2023.

“Só nas clínicas fronteiriças de Vigo e Badajoz (Espanha) foram contabilizados 530 Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) em 2023”, avançou hoje à Lusa Diana Pinto, estimando que haja mais de 500 mulheres por ano a fazer um aborto fora do país por não conseguirem realizar o procedimento em Portugal.

Em declarações à Lusa, por escrito, Diana Pinto, disse que as clínicas apontam com confiança mais de 500 IVG por ano de mulheres que chegam de Portugal.

Segundo Diana Pinto, as “dez semanas da lei portuguesa para recorrer à IVG são manifestamente insuficientes, frequentemente não cumpridas, e devem levantar questões sobre a democraticidade no acesso” ao procedimento.

“Quem pode pagar vai até Espanha. O que é em si uma violência e uma clara falência do sistema português. E quem não pode”, questionou Diana Pinto.

Segundo recordou a coorganizadora em Portugal da campanha europeia “My voice is my choice: Pelo aborto seguro e acessível”, os números exatos de IVG feitas em Portugal são “difíceis de aferir”, porque há frequentemente, ao longo dos anos, retificações dos números dos anos anteriores.

No Relatório de Análise dos Registos das Interrupções da Gravidez de 2022, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que em 2022 se registaram “15.870 Interrupções e Gravidez (IG) por opção da mulher nas primeiras 10 semanas de gravidez”.

“Em 2021, foram registadas 13.782 IG, verificando-se, em 2022, um acréscimo de 2.088 IG por opção da mulher, o que corresponde a um acréscimo de cerca de 15%. O registo de 2022 aproxima-se dos valores de 2016, ano em que se registaram 15.881 IG por opção da mulher”.

A campanha europeia “My voice is my choice” Pelo aborto seguro e acessível” atingiu um milhão de assinaturas para criar um fundo de apoio para compensar Estados-Membros que recebam mulheres da UE a aceder à interrupção voluntária da gravidez gratuita, anunciou hoje a coorganizadora da iniciativa.

 
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